A RAIVA QUE MATA
Sentimos inveja
de quem é igual a nós e, por algum motivo, sobe na vida mais do que nós. Não
sentimos inveja de alguém que, naturalmente, já está no topo da vida como
cantores, jogadores de futebol, bons políticos, artistas, etc. A estes,
admiramos. Mas, se o nosso vizinho, criado conosco, subir muito na vida além de
onde estamos então a inveja aparece. Infelizmente, junto com a inveja vem a
raiva. O pensamento que origina isto é: “por que ele e não eu?” Ouvi casos em
que a mulher subiu profissionalmente muito mais que o marido. Por brigas,
geradas por esta nova situação, resolvem separar-se. Então o marido, com a
raiva que vem da inveja, mata a mulher. Isto faz parte do ser humano. A raiva
que mata encontra um exemplo no texto de Lucas
4.22-30.
Como um mestre
famoso, Jesus voltou a Nazaré, cidade onde havia crescido. Pregou uma mensagem
linda e forte dizendo que nele se cumpriam as profecias de Isaías sobre o
Messias/Cristo. Inicialmente, as pessoas de Nazaré ficaram maravilhadas com
suas palavras que eram cheias de graça (v. 22). As palavras de Jesus, quando
ouvidas com coração aberto, sempre produzem melhora na vida da pessoa. Mas, em
Nazaré, as pessoas não entenderam nada. Quem estava falando era o filho do
carpinteiro José, criado aos olhos deles. “Como, agora, ele se achava tão
importante? Como ele podia dizer estas palavras? Ele é apenas um de nós, de
Nazaré. Só isso. Quem agora ele pensa que é para dizer que as palavras de um
profeta se cumprem nele?”. A raiva é filha da inveja.
Jesus percebe o
que está acontecendo entre eles (v. 23). Então Jesus disse o seguinte a eles:
“é claro que vocês me citarão este provérbio: ‘médico, cura-te a ti mesmo. Faze
aqui em tua terra o que ouvimos que fizeste em Cafarnaum’”. Os moradores de
Nazaré estão dizendo para Jesus que as palavras que ele fala não valem nada
para eles. Que as palavras de Jesus fiquem com ele mesmo. “Nós ouvimos falar
dos milagres que você fez em Cafarnaum, faça estes milagres entre nós. Não
queremos ouvir tuas palavras mas queremos apenas ver o teu poder de curar”.
Jesus então diz
que um profeta só não é ouvido e honrado em sua própria terra (v. 24). A
proximidade impede que as pessoas vejam o profeta como tal. Por isso, em muitos
casos, é tão difícil evangelizar os parentes. Por serem tão próximos, não
aceitam a autoridade e a verdade da palavra do parente. Uma pessoa de fora da
família terá mais êxito na evangelização. Jesus dá então dois exemplos do
porquê ele não vai fazer nenhum milagre ali e porque ele está sendo rejeitado
pelos nazarenos (v. 25-27): 1º exemplo: numa época de fome em Israel, o profeta
Elias foi a um país vizinho e idólatra e ali, abençoou uma viúva com muito
alimento porque ela creu em sua palavra mas não ajudou nenhuma das milhares de
viúvas que haviam em Israel; 2º exemplo: o profeta Eliseu, no meio de muita
gente leprosa do seu próprio povo, curou o leproso Naamã, um sírio, porque este
lhe procurou. Para Jesus estava claro que as outras cidades o ouviriam com
atenção mas Nazaré, onde fora criado, o rejeitaria.
Ao ouvir estas palavras,
todos que estavam na sinagoga se enfureceram contra Jesus (v. 28). A raiva
começou aos poucos mas foi crescendo até chegar no limite. Levantaram-se,
expulsaram Jesus da cidade e, à força, levaram Jesus até o topo da colina onde
estava a cidade (v. 29). De tanta raiva, queriam jogar Jesus despenhadeiro
abaixo para que morresse. No entanto, Jesus, cheio de dignidade, passou pelo
meio deles e foi embora (v. 30). Nazaré fez sua opção pela incredulidade,
inveja e raiva. Nunca mais Jesus voltou ali.
Quero fazer duas
reflexões com você, leitor, a partir deste texto. A primeira é que a raiva,
como atitude de intolerância, mata! Hoje em dia, existe uma fé fundamentalista
em todas as religiões. Este tipo de fé produz raiva nas pessoas em relação aos
crentes de outras religiões. Eles preferem odiar os outros, que consideram
errados, a estender a mão da paz. Não aceitam ser contrariados ou confrontados
em seus credos de jeito nenhum. Aliás, não conseguem nem ouvir o argumento dos
outros. Se você tem uma fé assim, você é um seguidor dos nazarenos e não de
Jesus. De Jesus aprendemos a amar o inimigo e a falar bem de quem nos maldiz.
Saia urgentemente deste tipo de fé e vá para os braços de Jesus. Ele vai lhe
ensinar a ser tolerante com os que pensam diferente de você, sem que você abra
mão de sua fé nele.
A segunda
reflexão é que estamos tão acostumados com um cristianismo açucarado que não
tem nenhum efeito em nossa vida que desconhecemos o Jesus verdadeiro. No texto,
Jesus diz que é o Messias/Cristo e que devemos crer e viver para ele. Mas, para
nós, como os nazarenos, Jesus é um mestre religioso qualquer, igual a todos os
demais mestres. Isto não é verdade. Jesus disse que nele se cumpre tudo que
Deus prometeu de bom para a humanidade. Ele é o único salvador da humanidade.
Não há outro. Você vai crer e entregar sua existência para este Jesus ou, como
os nazarenos, vai expulsá-lo de sua vida?
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