CURANDO O HOMEM TODO
Uma família
soube que uma de suas parentas, que morava numa cidade distante, havia se
tornado prostituta. Isso afligia a todos. Um homem de negócios, amigo da
família, precisava ir à cidade onde morava a tal parenta para suas vendas. A
família pediu-lhe que localizasse a parenta e a ajudasse a sair daquela vida. A
cidade não era muito grande e, quando procurou, não teve dificuldade em
encontrar a mulher. Conversou com ela e, pela sua influência, conseguiu emprega-la
em uma das empresas com que negociou. Foi embora e, alguns meses depois, voltou
àquela cidade. Surpreso, descobriu que a mulher voltara à prostituição.
Perguntou-lhe por que tinha feito aquilo. Ela então disse que estava
trabalhando bem no emprego arrumado por ele, mas, que a mulher do patrão e as
mulheres dos outros empregados, temendo que ela “seduzisse e roubasse” algum
deles, pressionaram para que fosse demitida. E assim aconteceu. Ela procurou
emprego em outro lugar, mas, por causa de sua fama na cidade, não conseguiu
nada. Para não morrer de fome, voltou à prostituição. Toda a ajuda a alguém é
boa. Mas a ajuda que causa transformação é aquela que resolve todos os aspectos
do problema que uma pessoa tem. É isto que Jesus faz em Lucas 5.12-16: ele cura o homem todo.
Jesus e seus
discípulos estão na missão, caminhando de cidade em cidade, anunciando o Reino
de Deus. Jesus é um missionário. Em uma das cidades, passa ao longe um homem
coberto de lepra (v. 12). Deixe-me explicar o que era a lepra para eles:
entendiam que a lepra era contagiosa e quem a tinha era considerado religiosa e
socialmente impuro. Os leprosos não podiam participar em absolutamente nada da
sociedade, de nenhum tipo de culto, manter uma distância de uns cinquenta
metros de outras pessoas e, caso alguém se aproximasse, deveriam gritar:
“imundo, imundo”. Os leprosos eram totalmente desprezados, segregados e não
podiam trabalhar. Muitos viviam solitários mas outros juntavam-se em grupos de
leprosos. Viviam de esmolas jogadas ou do que encontrassem em suas caminhadas.
O leproso do texto estava coberto de lepra. Era a própria humilhação ambulante,
longe de qualquer comunidade. Quando ele viu Jesus, com respeito e coragem, chegou
perto, mas não o tocou, ajoelhou-se e colocou seu rosto em terra diante de
Jesus. O leproso roga a Jesus, suplicando: “se quiseres, podes purificar-me”.
Na visão daquele leproso: 1) Jesus é Senhor e tem poder para purificá-lo; 2)
mas Jesus também tem o seu próprio querer e isso é o que vale. Veja, é assim
que nós também devemos nos aproximar de Jesus: pedir o que nós queremos, mas
deixando com ele a decisão de nos atender ou não. Jamais ordenando a Jesus que
ele faça o que nós queremos. Ele não é nosso empregado. Ele é o Senhor.
Então, Jesus fez
o que era proibido fazer: aproximou-se, estendeu sua mão e tocou no leproso (v.
13). Este gesto inusitado de Jesus demonstrou que ele tem autoridade para
quebrar qualquer barreira social ou religiosa que os homens constroem e, ao
mesmo tempo, o carinho que ele tem pelas pessoas desprezadas e segregadas da
sociedade. Jesus dá valor à pessoa do leproso e não à sua doença. Disse ao
leproso que desejava curá-lo e falou: “fica limpo”. Imediatamente, o milagre se
fez e a lepra o deixou por completo. Com as palavras de Jesus, aquele homem
saltou da vergonha para a vida normal. Só Jesus Cristo faz isto.
Mesmo curado, a
desconfiança ainda existiria na sua cidade contra aquele homem. Jesus então
manda que ele não diga nada a ninguém e vá até o sacerdote para que este,
depois de examiná-lo, o declare purificado (v. 14). Segundo a Lei de Moisés,
que vigorava em Israel, o sacerdote era o perito-inspetor para a declaração
pública de que o homem estava limpo da lepra. Tendo esta aprovação, o homem
deveria levar uma oferta ao templo (Levítico 14). Ao cumprir este ritual, o
homem comprovava sua cura e dava testemunho aos sacerdotes do que Jesus fizera.
Em Israel, a cura dos leprosos era um dos sinais do aparecimento do Messias.
Jesus não apenas curou. Ele teve cuidado com o homem no seu todo.
A notícia desta
cura chegou ao povo e multidões iam até ele para ouvi-lo e serem curadas (v.
15). Elas queriam a palavra e a cura de Jesus. E ele assim fazia. Mas Jesus ia
para lugares distantes, onde sozinho meditava e orava ao Pai (v. 16). Para
abençoar tanta gente, Jesus sabia da sua necessidade de ter comunhão com o Pai,
a fim de ser fortalecido. Que belo exemplo para pessoas cheias de atividades
como nós e que dizemos que não temos tempo para orar.
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