CORDEIROS NO MEIO DE LOBOS
O mundo dos
homens é o mundo da força, do mando. Há alguns dias, houve manifestação popular
contra a presidente. Pouco depois, houve manifestações a favor. Quem terá mais
poder: a presidente ou a maioria do povo brasileiro? O mundo corporativo também
é o mundo da força: empresas tentam ganhar mercado e diminuir a venda dos
concorrentes. Até entre igrejas, há uma luta para mostrar quem tem mais
membros, influência ou recursos financeiros. Vivemos uma época que reflete o
pensamento de um filósofo alemão do fim do século XIX: Nietzsche. Ele dizia que
o cristianismo vai contra a natureza humana, pois obriga o homem a ser um fraco
com atitudes de amor, piedade e compaixão. O homem deve romper com este tipo de
fraqueza e tornar-se orgulhoso de sua humanidade, exercer o poder (vontade de
potência) tornando-se o centro de tudo e ir além do bem e do mal desprezando
qualquer regra moral que esta sociedade cristã imponha. Atualmente, vivemos
dias de Nietzsche. Em meio ao mundo da força e do poder, hostil a Deus, como os
discípulos de Jesus devem se ver? Ele responde esta questão em Lucas 10.3,4.
Jesus está
orientando os setenta discípulos em sua missão e a primeira palavra aqui é
“vão!” (v. 3). A ordem de Jesus é ir sempre: a missão é por toda a vida e em
qualquer lugar onde o discípulo morar.
Após a ordem de
ir, Jesus faz uma observação desconcertante e surrealista acerca da missão: “eu
os estou enviando como cordeiros entre lobos” (v. 3). Cordeiros são ovelhas de
até 1 ano de idade. São frágeis, seus ossos e chifres (sistema de defesa) não
estão totalmente formados. Os lobos são inimigos naturais das ovelhas e as
matam para alimentar-se. Olhando do ponto de vista da natureza: se cordeiros
estiverem no meio de lobos, serão completamente estraçalhados! Veja, é nesta
condição que Jesus nos envia ao mundo. Qual líder da história humana propõe
isto a seus seguidores? Só Jesus. Os outros líderes diriam aos seus comandados:
“vocês são fortes; vão conquistar o mundo; nós seremos vencedores”. Eles partem
do pressuposto de Nietzsche de que o homem é poderoso em si mesmo. Jesus diz
que somos fracos como cordeiros no meio de lobos.
O que Jesus quer
dizer com isto? Em primeiro lugar, que somos fracos para realizar a missão de
Deus. Se for depender de nós mesmos, seremos estraçalhados pelo mundo. Ou
recebemos o poder de Jesus, ou nada faremos na missão. Segundo, os discípulos
devem ser puros, mas saber-se cercados de maldade. Devemos manter nossa pureza
e integridade, não compactuando com os pecados deste mundo. No entanto, deve
estar claro que o mundo é mal. O mundo não vai nos ajudar e não vai facilitar
nossa missão, pelo contrário, tudo fará para nos impedir de realizar esta obra.
Em muitas situações, as ações deste mundo contra os discípulos serão maldosas,
traiçoeiras, violentas e imorais. Estejamos atentos. Terceiro, jamais os
discípulos serão ou se transformarão em lobos destruidores. Não é parte de
nossa natureza atitudes como matar, roubar, difamar, enganar, tolher a
liberdade das pessoas, corromper-se, ser imoral. Não podemos nos transformar
naquilo que não somos. Se você é cordeiro, não se preste ao papel de lobo.
Quarto, por incrível que pareça, na nossa fraqueza de cordeiros, está a nossa
força. Seremos iguais a nosso Mestre, o Cordeiro de Deus. Nós vamos vencer,
exatamente porque somos fracos. “Portanto, eu me gloriarei ainda mais
alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por
isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades,
nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte” (2ª
Coríntios 12.9,10).
No v. 4, ele
diz: “não levem bolsa, nem saco de viagem, nem sandálias; e não saúdem ninguém
pelo caminho”. Há duas orientações aqui. A primeira é que, se os discípulos não
devem levar nada, então não devem se preocupar com o sustento. Jesus garante a
eles que lhes dará o necessário para viver. O pão nosso de cada dia nos dará a
cada dia. A outra lição diz respeito às saudações pelo caminho. Naquela época,
uma saudação poderia durar muitas horas e eles não tinham tempo para isto, pois
corriam o perigo de não cumprir a missão. A lição de Jesus para nós hoje é que
os discípulos não devem perder tempo em relacionamentos e atividades que não
contribuam para a realização da obra. Exemplo: um jovem cristão decide fazer
parte de uma torcida organizada de um time de futebol. Se lá, ele pregar o
evangelho aos seus colegas de torcida e comportar-se como cristão, ele estará
cumprindo a missão. Mas, se for lá, apenas para assistir os jogos do time,
viajando de cidade em cidade, xingando palavrões, brigando com adversários,
odiando os torcedores de outros times e fazendo arruaças, certamente está
perdendo tempo para a missão e, de quebra, virando um lobo.
Você quer ser um
cordeiro entre lobos por amor a Jesus Cristo?
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