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Lucas 11.05-08 - UM DEUS HONRADO

UM DEUS HONRADO

Cheguei a um ponto de ônibus e vi um rapaz caído no chão e segurando uma sacola. Pareceu-me que estava dormindo e duas mulheres conversavam perto dele. Uma das mulheres disse à outra: “eu falei para a mãe dele que não o deixasse aqui. Mas ela não me ouviu e saiu para procurar ajuda. Como uma mãe sai e deixa e o filho aqui? Que tipo de mãe é esta?”. Um dos costumes atuais que mais fazem as pessoas passar vergonha, se não obedecê-lo, é cuidar dos filhos. Na época de Jesus, um costume sagrado para os judeus era a hospitalidade. Um hóspede devia ser tratado com toda a honra possível. Falando sobre oração, Jesus nos conta uma estória do seu tempo falando sobre hospitalidade para realçar uma qualidade muito importante do Deus que ouve orações: sua honra pela sua palavra. Isto está em Lucas 11.5-8.
No tempo de Jesus, as comunidades, em geral, eram pequenas e pobres. Mas valorizavam muito a hospedagem das pessoas que vinham de fora. Nestas comunidades, havia a figura do “hospedeiro” que recebia em sua casa qualquer pessoa que fosse se hospedar ali. Independente de ser seu parente ou de outra pessoa da comunidade, ele tinha esta obrigação. Em compensação, a comunidade estava moralmente obrigada a fornecer-lhe tudo que precisasse para que ele desse a melhor hospedagem possível. É neste sentido que Jesus apresenta uma proposta aos seus ouvintes nos v. 5-7: “suponham que um de vocês tenha um amigo e que recorra a ele à meia-noite e diga: ‘amigo, empreste-me três pães porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para lhe oferecer’. E o que estiver dentro responda: ‘não me incomode. A porta está fechada e eu e meus filhos já estamos deitados. Não posso me levantar e lhe dar o que me pede’”. Jesus propõe esta estória como uma hipótese: “suponham que um de vocês”. O amigo que vai à casa deste dorminhoco é o hospedeiro da comunidade. O hospedeiro vai à meia-noite porque alguém chegou de viagem naquela hora e ele é responsável por oferecer um banquete ao hóspede. Ele não bate na porta, ele fala porque é conhecido e pede três pães. Esta é a cota do dorminhoco, pois três pães não são suficientes para alimentar o hóspede que chegou. O dorminhoco, que está deitado, diz que não vai ajudar (v. 7). Ele elenca os seguintes motivos: a porta está fechada, os filhos estão dormindo e ele próprio está deitado. Vamos parar aqui. Quando Jesus apresenta as razões do dorminhoco, os seus ouvintes dariam risada deste homem por um motivo muito simples: seria uma vergonha muito grande para ele não se levantar da cama imediatamente para ajudar. Se ele não ajudasse, no dia seguinte a comunidade daria a maior bronca nele e corria o risco de ser expulso dela. Aquelas desculpas não valiam nada. Seria horrível para ele ser chamado de “sem-vergonha” pelos seus amigos.
Aí vem a conclusão no v. 8: “eu lhes digo: embora ele não se levante para dar-lhe o pão por ser seu amigo, por causa da importunação se levantará e lhe dará tudo que precisar” (tradução da NVI). Aqui tenho que corrigir a tradução da Bíblia. Tanto a NVI quanto outras traduções trazem a palavra “importunação” como motivo do dorminhoco se levantar e atender o hospedeiro. No texto grego, a palavra é “anaidéia”. Seguindo Keneth Bailey em seu livro “As Parábolas de Lucas”, a palavra anaidéia não tem o sentido de “importunação”. O sentido é de alguém que sente vergonha se não atender o hospedeiro. A melhor tradução é “senso de vergonha social”. Logo, a melhor tradução deste texto seria: “eu lhes digo: embora ele não se levante para dar-lhe o pão por ser seu amigo, por causa do senso de vergonha social se levantará e lhe dará tudo que precisar”. É pelo senso de vergonha que ele não apenas dará os três pães, mas tudo que o hospedeiro quiser. Em toda sociedade há uma honra social pela qual zelar: ninguém anda nu nas ruas, ninguém come um prato andando, ninguém arrota alto num restaurante chique.
Qual é o ensino de Jesus nesta estória sobre a oração? Assim como as pessoas têm uma honra social a zelar, nosso Deus também tem a honra dele pela qual zelar. Aquilo que ele prometeu na Bíblia, você pode pedir que ele dará. Por exemplo, ele prometeu que salvaria a qualquer pessoa que confiasse em Jesus como seu salvador. Se um assassino, estuprador e pedófilo, dentro de um presídio ouvir o evangelho, se arrepender e clamar por Jesus, ele será salvo mesmo estando naquela condição. Deus prometeu, ele tem de cumprir sua palavra para continuar honrado. Outro exemplo: você está numa situação de grave perigo. Então ora e pede que o Senhor lhe acompanhe. Ele atenderá sua oração porque ele prometeu exatamente isto.
Mas Deus não perde sua honra se ele não cumprir o que não prometeu. Exemplo: Deus não prometeu deixar alguém vivo para sempre neste mundo. Em algum momento de sua vida você vai morrer e não adianta orar para que ele lhe mantenha vivo para sempre. Ele não prometeu isto. Outro exemplo: Deus não prometeu na Bíblia curar todas as doenças de todas as pessoas. Ele cura as que ele quiser. O que ele prometeu é que “a minha graça te basta”. Nosso Deus é um Deus honrado, ele nunca passa vergonha. Ao orar, confie no que ele já disse na Bíblia que faria.

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