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Lucas 11.37-41 - QUANDO O EXTERIOR É MAIS IMPORTANTE QUE O INTERIOR

A RELIGIOSIDADE QUE MATA (1ª Parte)
QUANDO O EXTERIOR É MAIS IMPORTANTE QUE O INTERIOR

 Normalmente, pensamos em religião como algo bom para o ser humano. Quantas vezes não ouvi esta frase dita por alguém a um amigo: “procura uma religião e você vai melhorar”. Do final do século passado para este, cresceram os fundamentalismos em várias religiões. Fundamentalismo é a palavra usada hoje em dia para designar o fanatismo de alguém por sua própria religião conjugado com o ódio pela religião dos outros. Muitos cristãos passaram a viver em uma religiosidade que menospreza quem não é de sua igreja e pode chegar até a matar em nome de seu “Deus”. No entanto, esta atitude é muito antiga: Jesus a enfrentou em Lucas 11.37-54 e nos orienta como reconhecer e evitar a religiosidade que mata. Começamos com a primeira parte do texto que é Lucas 11.37-41.
Após ouvir as palavras de Jesus, um fariseu convidou-o para comer. Quem eram os fariseus? Uma mistura de grupo religioso que procurava seguir à risca a Lei de Moisés com partido político. Eles passavam a imagem de pessoas muito santas e o povo acreditava nisso. Ao aceitar o convite, Jesus sabia que iria a um ambiente hostil a ele. Mas foi e reclinou-se para comer (v. 37). O fariseu ficou chocado com uma atitude de Jesus: ele não se lavara antes de assentar-se para comer (v. 38). Não era questão de higiene, mas de obediência à Lei de Moisés, segundo o entendimento dos fariseus. A Lei de Moisés propunha algumas lavagens para pessoas que, por algum motivo legal, estavam impuras. Após esta lavagem cerimonial, a pessoa poderia participar de todos os atos da comunidade, inclusive o culto. Os fariseus, através de sua tradição, estenderam as lavagens cerimoniais para tudo, inclusive as refeições. Eles se lavavam antes das refeições, não por uma questão de higiene, mas para cumprir a lei e estar puros. Jesus nem ligou para a tradição deles e, sem se lavar, foi comer.
Durante a refeição, com a sala cheia de fariseus e mestres da Lei, Jesus inicia uma fala assim: “vocês, fariseus, limpam o exterior do copo e do prato, mas interiormente estão cheios de ganância e maldade” (v. 39). Jesus disse que a religiosidade dos fariseus levava-os a se preocupar com os aspectos externos da vida deles. Os aspectos externos, tais como participar de rituais de culto e dar esmolas, podem ser vistos pelos outros e isto interessava demais a eles. Para quem os visse de fora, eles eram ótimas pessoas. A religiosidade de aparência faz questão de ser vista pelos outros, com a finalidade de que estes outros batam palmas para eles. Mas o interior dos fariseus, disse Jesus, era cheio de depravação, maus pensamentos, ganância, saque e rapina. O que eles queriam, dentro de si mesmos, era tirar o máximo de proveito pessoal da “terra arrasada” dos outros. Havia uma maldade guardada e calculada em seus corações e que se demonstrava em seus desejos e movimentos. Assim são muitos religiosos de hoje em dia. Por fora, são ótimas pessoas; por dentro, há muita maldade, ganância e desejo de se aparecer. Então Jesus continua dizendo: “insensatos! Quem fez o exterior, não fez também o interior?” (v. 40). Deus nos criou com interior e exterior, o lado de dentro e o lado de fora, o lado invisível e o visível. Ao nos criar assim, o desejo de Deus é que o ser humano viva em harmonia os seus dois lados: interior e exterior. Que não haja falsidade entre o que somos e o que aparentamos. Que, quando eu fizer um ato bom, é porque há verdadeira bondade no meu coração. Que, quando eu brilhar, a luz venha de dentro e não dos holofotes!
No v. 41, Jesus diz: “mas o que está dentro de você, dê como misericórdia (ou esmola); e eis, todas as coisas estarão limpas em vocês” (minha tradução do texto grego). Jesus nos orienta a dar o que está dentro de nós como misericórdia aos outros. Isto significa ajudar as outras pessoas com a misericórdia e o carinho que estão dentro de mim, não me importando se elas pertencem ou não ao meu grupo religioso ou à minha igreja. Ao invés de me aproveitar da pobreza humana para posar de “santarrão” ou de “ótima pessoa”, devo abençoar os outros porque há um coração amoroso batendo em meu peito, mesmo que ninguém veja e sem eu tirar selfie. Se eu agir assim, todas as coisas estarão limpas em minha vida, tanto o interior quanto o exterior.

A religiosidade que Jesus preza é a daquelas pessoas que são genuínas e autênticas. Pessoas que vivem a mesma realidade dentro e fora delas. Pessoas que têm um coração amoroso e misericordioso e, desta forma, constroem sua personalidade e ajudam outras pessoas. Não viva de aparência, seja autêntico!

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