O SOBERANO E OS SÚDITOS DO REINO DE DEUS (2ª Parte)
O SOBERANO DARÁ O SEU REINO AOS SÚDITOS
O sistema capitalista, no qual vivemos, ensina-nos
que um dos objetivos para viver bem é acumular capital (dinheiro, bens,
aplicações, títulos, poder, etc.). Em tudo, buscar o lucro, ou seja, sairmos
com mais além do que aplicamos. As ideias deste sistema têm permeado o
pensamento ocidental. No texto de hoje, em Lucas
12.32-34, Jesus nos fala de um tesouro que podemos acumular, mas diferente
das ideias capitalistas, precisamos recebê-lo pela graça e direcionarmos o
capital conquistado aqui para outras pessoas e outro lugar.
O texto anterior
de Lucas 12.22-31 mostra Jesus ensinando que os súditos do Reino de Deus, ou
seja, seus discípulos, não devem viver ansiosos pelas coisas desta vida, mesmo
as mais básicas como comer e vestir-se. Agora, Jesus ordena a seus discípulos
que não tenham medo de viver: “não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do
agrado do Pai (de vocês) dar-lhes o Reino” (v. 32). Não ter medo significa que
o discípulo de Jesus vai olhar a vida com coragem, vai ver o futuro sem
apreensão, mesmo que esteja vivendo um momento difícil. Não vai ter medo de
sair de casa para trabalhar, estudar ou passear. “A luz é agradável, é bom ver
o sol” (Eclesiastes 11.7). Jesus trata o conjunto de seus discípulos como um
“pequeno rebanho”. Por que ele fala assim? Porque, neste mundo, os que seguem
Jesus sempre serão numericamente inferiores à maioria e também em relação ao
poder terreno. Veja o que ele diz em Mateus 7.13-14: “entrem pela porta
estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são muitos
os que entram por ela. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que leva à
vida! São poucos os que a encontram”. Se você é discípulo de Jesus, você sempre
será minoria na sociedade. Você sentirá certo desconforto com os pensamentos e
as atitudes da maioria. Aprenda a conviver com isto: você não vai conseguir
mudar a maioria, mas deve expor para eles o que você acredita, amigavelmente.
Por que este
pequeno rebanho não deve ter medo de viver? Eu enxergo três motivos neste v.
32. O primeiro motivo é que, para Deus Pai, os discípulos de Jesus são seus
filhos (“foi do agrado do Pai de vocês”). Diferente do pensamento atual, para
Jesus não é todo mundo que é filho de Deus. Para Jesus, filhos de Deus são
apenas aqueles que optaram em ser discípulos dele. Não estou falando de
religiosos cristãos, estou falando de discípulos de Jesus, por opção pessoal.
Para Deus Pai, somos seus filhos e esta é uma glória que nenhum tipo de vida
pode tirar de nós. O segundo motivo é que Deus Pai dará a estes filhos o Reino
que pertence a ele (“foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino”). Nós estamos
construindo o Reino de Deus e quando ele estiver completo e perfeito, o Pai dará
este Reino todo, inteiro, para nós, de graça! Que Pai maravilhoso é nosso Deus!
O apóstolo Paulo diz assim: “... porque todas as coisas são de vocês, seja
Paulo, seja Apolo, seja Pedro, seja o mundo, a vida, a morte, o presente ou o
futuro; tudo é de vocês, e vocês são de Cristo, e Cristo, de Deus” (1ª
Coríntios 3.21-23). Aleluia! Glória a Deus! O terceiro motivo para não ter medo
de viver é que foi do agrado do Pai nos dar seu Reino (“foi do agrado do Pai”):
ele não nos dá o Reino enfurecido ou triste, pelo contrário, para ele é um
prazer imenso, indescritível, doar seu Reino para seus filhos. A mais profunda
alegria de Deus é nos ter perto dele, sendo nós os donos do seu Reino. Não é
bom viver a vida crendo nestas verdades? Um dia todos estes fatos se realizarão
concretamente.
Se todos os
fatos do v. 32 se concretizarão no futuro, como devo viver no presente? “Vendam
o que têm e deem esmolas. Façam para vocês bolsas que não se gastem com o
tempo, um tesouro nos céus que não se acabe, onde ladrão algum chega perto e
nenhuma traça destrói” (v. 33). Esta ordem “vendam o que têm e deem esmolas”
não pode ser entendida literalmente. Pedro, João e outros apóstolos possuíam
casas e Jesus não os mandou vendê-las. A interpretação correta é que devemos
usar os nossos bens para fazer o bem aos outros, e com prioridade aos mais
necessitados. Não vivemos aqui para acumular capital, mas para reparti-lo de
uma maneira sábia, que providencie tanto o nosso sustento como a de outras
pessoas. Jesus diz para não formarmos um tesouro aqui (dinheiro, bens, etc.) e
não colocar nestas coisas o objetivo de nossas vidas. Aqui o tesouro pode
acabar através de ladrões e as roupas finas pela traça. Que a sua vida não
consista em acumular capital. Jesus recomenda que formemos um tesouro no céu.
Como isto é possível? Primeiramente, mantendo um relacionamento pessoal com
Deus todos os dias e, em segundo lugar, viver de uma forma na qual você fique
cada dia mais parecido com Jesus, tanto no seu interior quanto nas suas
atitudes. Agindo assim, você forma um tesouro no céu que será inesgotável,
nunca vai acabar. Vale a pena fazer do Reino de Deus a razão de sua existência.
Jesus termina
este assunto assim: “pois onde estiver o seu tesouro, ali estará também o seu
coração” (v. 34). O que você considerar seu valor mais importante, ali estará
sua razão, sentimentos, decisões, prazer, investimentos financeiros e
emocionais. Enfim, ali estará seu coração! Onde está o seu coração? Qual é seu
tesouro? Direcione sua vida para o céu, para Deus, para Jesus: isto é viver! O
resto é fumaça que irrita os olhos.
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