A MAIORIDADE PENAL
Nos dias atuais,
corre na Câmara dos deputados um Projeto de Emenda Constitucional que baixa a
idade penal para determinados crimes de 18 para 16 anos. Aprovada em 1º turno,
precisa ser aprovada em 2º turno. Depois vai para o Senado e deve seguir o
mesmo ritual. Dou minha opinião, como estudioso das Escrituras e exercendo o
dom que Deus me deu de ensinar, com o propósito de contribuir para a discussão
deste assunto.
Quero de início,
dizer que sou a favor da redução da maioridade penal para 16 anos. Alisto as
razões para este posicionamento.
A primeira razão
é bíblica. A Bíblia diz assim: “não se deixem enganar: de Deus não se zomba.
Pois o que o homem semear, isso também colherá” (Gálatas 6.7). Deus enxerga o
ser humano como responsável por suas atitudes. Ele é livre para escolher entre
o bem e o mal. De suas escolhas, advém consequências. Se escolher o bem, virão
bênçãos e sucesso em sua vida. Se escolher o mal, virão tormentos e castigos.
Deus criou a humanidade com senso moral e com o princípio da semeadura e
colheita: “o que o homem semear, isto também colherá”. Quando uma criança chega
à idade da razão (aquela na qual, clara e conscientemente, pode-se escolher
entre o bem e o mal), ela se torna responsável. Para Deus, não existe idade
definida para esta responsabilidade. Até uma criança é responsável pelo mal que
faz desde que entenda que o que fez é um mal. Por que pais e educadores usam o
“cantinho da consciência” para crianças que fazem coisas erradas ou são
desobedientes? Porque percebem que até a criança pratica o mal. E deve ser
punida a fim de que não continue na mesma prática. Diante de Deus, um
adolescente de 14 anos que rouba e mata é tão culpado quanto um homem de 30
anos que faz a mesma coisa.
A segunda razão
porque sou a favor da redução da maioridade penal para 16 anos é porque
precisamos como adultos, educar para valer, nossa juventude. Da década de 60
para cá, vem ocorrendo uma inversão trágica de valores na educação que estão
acabando com o senso moral das crianças, adolescentes e jovens. Primeiro, os
pais não educam mais. Tornam-se superprotetores de seus filhos; não permitem
que seus filhos passem pelas frustrações normais da vida; não corrigem de
maneira adequada, mas vivem a desculpar os filhos por seus erros (agora, tem
até a lei da palmada que impede os pais de ser livres na correção dos filhos).
Conclusão da superproteção: crianças mimadas, sem limites, que se acham
“reizinhos” e acham que podem fazer e ter tudo que quiserem. Estas crianças
chegam à escola e quando, pela primeira vez na vida, se deparam com uma
autoridade chamada professor, logo partem para o desrespeito, a desconsideração
e a violência. Não é isto o que acontece hoje nas escolas? Por não terem tido limites e nem educação, muitos
deles partem para o álcool, as drogas, o sexo irresponsável e os crimes. E aí
tem uma lei que diz que se eles não têm 18 anos, o Estado também vai passar a
mão na cabeça deles e vai dizer que eles não são culpados, mas sim vítimas de
um sistema ruim. Temos de mudar nosso comportamento como adultos: educar os
filhos, impor limites com punições se transgredirem, saber dizer não,
controlá-los e amá-los a ponto de nos importar com o que fazem. O Estado também
deve ser mais severo com adolescentes que cometem crimes e não tratá-los como
se tivessem 8 anos de idade. Agir com mais rigor também é educação.
Tenho outras
razões, mas vou terminar com esta terceira. Sou a favor da redução da
maioridade penal porque acredito que o Estado deve zelar pela justiça social.
Nunca vai dar certo uma sociedade na qual adolescentes matam e estupram outros
adolescentes e depois saem nas ruas como se nada tivesse acontecido. Estamos
cansados de ver adolescentes presos por crimes graves e que saem livres no dia
seguinte para continuar a cometer os mesmos crimes. Não há sociedade justa que
viva desta maneira. Adolescentes criminosos têm de ser julgados com a mesma lei
dos adultos e eles têm de saber que, se cometerem crimes, terão penas pesadas.
Só isto pode freá-los. A impunidade alimenta a criminalidade. Obviamente, não
se deve colocar criminosos de 16 anos na mesma cela de pessoas de 30 anos. Se
fizermos isto, estaremos formando uma escola do crime. A punição deve ser
pesada para crimes graves, mas todo presídio deve ser adequado à pena e dar
dignidade a todos os presos.
Espero que a Emenda Constitucional em
discussão passe na Câmara e no Senado Federal. Sei que 85% da sociedade
brasileira é a favor da redução. Sei também que esta Emenda sozinha não
resolverá o problema da violência no Brasil, mas é um passo em direção a uma
sociedade mais justa, mais responsável e menos violenta. Que Deus nos ajude na
construção de uma sociedade melhor.
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