O JUIZ VERSUS A VIÚVA (1ª Parte)
O VALOR DA PERSISTÊNCIA
No texto de
Lucas 17.24-37, Jesus diz que o seu Reino ainda virá, no futuro, de uma forma
visível e cheia de glória e poder. Porém, em 17.22, ele afirma que os discípulos
desejarão ver o dia chegar, mas não o verão. Isto significa que, até que Jesus
volte pela segunda vez, seus discípulos passarão por aflições e perseguições. Historicamente,
já se passaram dois mil anos e nada da volta de Cristo. A tendência de muitos,
por conta das angústias, é ser tentados a desistir deste discipulado. É neste
contexto que Jesus conta a parábola do juiz e da viúva em Lucas 18.1-8. Hoje,
vamos observar a parábola em si em Lucas
18.1-5 e, no próximo estudo, a aplicação que Jesus deu a ela.
“Jesus também lhes contou uma parábola sobre o dever de orar
sempre e nunca desanimar.” (v. 1). Jesus tem um objetivo muito claro ao
contar esta parábola aos seus discípulos: desenvolver duas atitudes necessárias
para a vida de seu povo. A primeira atitude é orar sempre. No medo que o crente
sente durante as aflições da vida, deve levar tudo em oração a Deus. Ele deve
dizer ao Senhor acerca de suas angústias, suas vitórias, suas alegrias, as
preocupações e os medos. Buscar o Senhor o tempo todo. A segunda atitude, muito
ligada à primeira, é nunca desanimar de fazer o que é certo, de cumprir os
mandamentos de Deus. O grande perigo é de, já que Jesus demora em voltar,
abandonar seu caminho e ceder ao mal e ao pecado. Prezado leitor, este é um
perigo que todos os discípulos sofrem: o de abandonar a Jesus Cristo e seu
evangelho e se entregar a uma vida de pecado. O que vai ajudar a vencer é levar
toda a angústia da desistência a Deus em oração e persistir em permanecer neste
evangelho, suportando todas as dores inerentes a esta decisão.
Na parábola, há dois personagens. O primeiro
deles é o juiz: “Em uma cidade, havia um juiz que não
temia a Deus e nem respeitava os homens” (v. 2). O juiz era um homem de
autoridade, cuja função era julgar conflitos. Este juiz era uma pessoa bem
estabelecida em sua cidade. Mas ele tinha duas características negativas que
influenciavam seus julgamentos. Uma delas é que ele não temia a Deus. As
demandas de Deus por justiça e proteção dos mais fracos não significavam nada para
ele. Vivia como se a realidade de Deus nada significasse. Era um agnóstico dos
tempos antigos. A outra característica negativa é que ele não respeitava os
homens. Ou seja, ele não tinha nenhuma vergonha de tomar uma decisão que
prejudicava claramente o lado que estava certo. Esta declaração era uma maneira
polida de dizer que ele recebia suborno para dar sua sentença. Quem pagasse
mais, levava. Ele não se importava com o que diziam dele, pois se achava
todo-poderoso em sua função. Este juiz era um homem poderoso, autoconfiante,
autossuficiente e sem ética.
O segundo
personagem é uma viúva: “Na mesma cidade, também havia
uma viúva que sempre lhe pedia: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário’”
(v. 3). Do outro lado, estamos diante da pessoa adulta mais vulnerável da
sociedade israelita da época: uma viúva. Esta viúva é tão fraca que não tem um
parente homem para representá-la: um marido, filho ou irmão. Também era tão
pobre que não podia pagar um advogado (obviamente, não podia pagar suborno). E
mais: ela está sendo injustiçada. Seu oponente na causa deve tê-la roubado ou não
quer dar o que lhe é devido, por isto, seu pedido sempre é: “faze-me justiça”.
Se este juiz julgar corretamente, ela sabe que vencerá a sua causa. Jesus diz
que ela ia muitas vezes, constantemente, ao tribunal pedir que o juiz julgasse
seu caso. Esta viúva era uma mulher socialmente muito fraca, injustiçada e
totalmente incapaz de reverter sua situação, mas com uma vontade incansável de
lutar pela sua vida.
Veja o desfecho
do caso: “E por algum tempo, ele não queria atendê-la;
mas depois disse consigo mesmo: ‘Ainda que eu não tema a Deus, nem respeite os
homens, como esta viúva está me incomodando, vou fazer-lhe justiça, para que
ela não venha mais a me perturbar’” (v. 4,5). Primeiro, o embate entre o
juiz e a viúva: tanto ela pedia, tanto ele não ligava. Vitória do juiz! Um bom
tempo se passou nesta condição. Até que um dia o juiz pensa assim: “Esta viúva,
com suas intermináveis cobranças, está me perturbando, torrando minha paciência
e tirando minha tranquilidade. Já não aguento mais ouvir sua voz todo dia no
tribunal. Vou julgar o caso dela, executar a justiça em seu favor e resolver o
meu problema de perturbação. Se eu não fizer isto, a persistência dela será
como um soco no meu rosto”. Vitória da viúva por nocaute! Veja: o que ninguém,
nem Deus, conseguia fazer em relação àquele juiz, a viúva conseguiu. Sua insistente
busca por justiça deu-lhe a vitória sobre um juiz corrupto, sem pagar um
centavo de propina.
Até aqui, o que
aprendemos? Persevere em sua vida de oração, insista com Deus por seus pedidos:
“Não andeis ansiosos por coisa alguma; pelo
contrário, sejam os vossos pedidos plenamente conhecidos diante de Deus por
meio de oração e súplica com ações de graças” (Filipenses 4.6).
Persevere, também, em continuar a obedecer os mandamentos de Deus e em praticar
a justiça neste mundo. Não se desanime e nem deixe de seguir a Jesus. A
perseverança vence o medo e o mal por nocaute.
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