O JUIZ VERSUS A VIÚVA (2ª Parte)
A LONGANIMIDADE DE DEUS
Acerca da
necessidade de orar sempre e nunca desfalecer, Jesus contou a parábola do juiz
e da viúva. O juiz, um homem poderoso e sem caráter, tinha o caso de uma pobre viúva
para julgar. Como isto não ia lhe render nada, não fazia o menor esforço de
colocar a causa dela em pauta. A viúva importunava o juiz todo dia, pedindo
para executar a justiça em seu favor. Até que a paciência do juiz chegou ao
limite e ele não aguentou mais: julgou a causa da viúva porque estava fazendo
mal para ele ver e ouvir aquela mulher todo dia. Jesus faz uma aplicação da
parábola em Lucas 18.6-8. Esta
aplicação tem muitas interpretações e apresento para vocês aquela que achei melhor
dentro do contexto.
“Prosseguiu o Senhor: ‘Ouvi o que diz este juiz injusto. E não
fará Deus justiça aos seus escolhidos, que dia e noite clamam a ele, já que é
longânimo para com eles? Digo-vos que depressa lhes fará justiça’” (v.
6-8a). Se um juiz humano injusto e sem-vergonha, teve medo da importunação de
uma fraca viúva, que se dirá de Deus que é um juiz justo e um pai amoroso? “Não
fará Deus justiça aos seus escolhidos?” Veja as ações de Deus descritas aqui. Em
primeiro lugar, dentro da humanidade, há pessoas que Deus escolheu para lhe
pertencer. No texto, estas pessoas são chamadas “seus escolhidos”. Veja o que o
apóstolo Paulo diz em Efésios 1.4,5: “Como também
nos elegeu nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis diante dele; e, em amor nos predestinou para sermos filhos de
adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade”.
Estas pessoas são amadas e cuidadas por Deus. Em segundo lugar, estas pessoas
suplicam a Deus continuamente em seus sofrimentos: “dia e noite clamam a ele”.
Deus está sempre ouvindo suas orações. Em terceiro lugar, Deus é longânimo,
enquanto elas clamam: “já que é longânimo para com eles”. O que significa a
longanimidade de Deus? A palavra grega para longanimidade é “makrothymia” que tem como um de seus
significados “afastar a ira”, ou seja, os eleitos também são pecadores e Deus,
na sua ira santa, deveria castigá-los antes mesmo de ouvi-los. Mas ele afasta a
ira, a fim de ouvir, com coração compassivo, as suas súplicas. São escolhidos,
mas ainda são pecadores nesta existência e, portanto, Deus é longânimo para com
eles. Em quarto lugar, Deus executará justiça inesperadamente: “depressa lhes
fará justiça”. Quando eles menos esperam, a justiça de Deus virá para vindicar
a justiça deles. Observe que as duas vezes em que Deus faz justiça, os verbos estão
no futuro: “fará justiça”. Ele ouve e ajuda, mas a justiça, em seu sentido
amplo, está no futuro.
Quais as ações
dos escolhidos? Primeira, eles clamam a Deus dia e noite em oração. Por que
fazem isto? Porque sofrem injustiças por parte do mundo. Assim como a viúva sofria
injustiça, eles também. Ao invés de fazer justiça com as próprias mãos ou
abandonar a Cristo, eles oram persistentemente a Deus. Jamais param de confiar
em Deus, mesmo que a situação piore! Ao orar, nunca se baseiam na justiça
própria deles, pois sabem que não a têm, visto serem pecadores. Eles se apegam
na longanimidade de Deus, que lhes é dada por pura graça. Eles creem que no
tempo inesperado (ou depressa) de Deus, obterão a justiça que tanto desejam.
Quem são os escolhidos? Pessoas pecadoras que creem em Jesus e o seguem, mas
que, por causa dele, estão enfrentando muitos sofrimentos. Eles não desistem
nunca de seguir e amar Jesus Cristo e sabem que, um dia, a sorte deles mudará
completamente, pois são amados por Deus.
Jesus termina
este texto com uma pergunta dramática: “Contudo quando
vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (v. 8b). A
pergunta é se, quando Cristo voltar pela segunda vez a este mundo, encontrará
pessoas com estas atitudes descritas acerca dos escolhidos. Há uma resposta
positiva a esta pergunta que vem da própria ação de Deus: em sua longanimidade,
ele sempre ouvirá seus escolhidos. Mas, a força da pergunta pede uma resposta
negativa: “não”! Quando ele voltar, haverá muitos “cristãos” que nada têm das
características dos escolhidos: eles não oram, eles não se acham pecadores
(pelo contrário, dirão abertamente que são boas pessoas), não confiarão em Deus
quando vier as tribulações e eles abandonarão a Cristo porque não desejarão
sofrer por ele. Ao se deparar com dias maus, estes “cristãos” darão adeus ao
Senhor Jesus e seguirão seus próprios desejos. Paulo diz: “Porque chegará o tempo em que não suportarão a sã
doutrina; mas, desejando muito ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si
mestres segundo seus próprios desejos; e não só desviarão os ouvidos da
verdade, mas se voltarão para as fábulas” (2º Timóteo 4.3,4). Isto já
está acontecendo! Você vai seguir a corrente da apostasia e abandono de Cristo
ou permanecerá firme na sua confiança no Deus longânimo?
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