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Lucas 21.1-4 - DÁ MAIS QUEM DOA A VIDA


OS EMBATES DO REI/MESSIAS JESUS COM A LIDERANÇA RELIGIOSA DE ISRAEL (7ª Parte)
DÁ MAIS QUEM DOA A VIDA

O texto que vamos estudar é Lucas 21.1-4. Este é o último texto acerca da queda-de-braço que os líderes religiosos de Israel tiveram com Jesus. O Senhor venceu todas as disputas. O objetivo dos líderes era arrumar alguma desculpa para prender ou matar Jesus. Não conseguiram. Este último texto, que trata de uma viúva paupérrima, deve ser lida junto com o texto anterior de Lucas 20.45-47, no qual Jesus faz críticas a um grupo de líderes de seu tempo, os escribas, que devoravam a casa das viúvas (tiravam proveito financeiro delas) usando as orações como pretexto. O contraponto àqueles escribas era esta viúva. Eles tiravam de quem tinha pouco para proveito próprio, esta dá tudo que tem.
Jesus observava os ricos que colocavam suas contribuições no cofre das ofertas” (v. 1). Desde os primórdios da religião de Israel no Antigo Testamento, fazer doações era entendido como parte do culto a Deus. Para Jesus, este momento de doação de dinheiro no culto era bom e normal, tanto que ele não fez crítica ao sistema de doação e observava os que estavam doando (ele fará crítica aos motivos que levam alguém a fazer uma doação). Portanto, quando você entrega seu dízimo ou oferta na sua igreja, com as motivações corretas, está fazendo um bem a si próprio e a sua comunidade. Jesus via os ricos dando suas ofertas numa caixa, chamada de gazofilácio. Naquela época, não havia dinheiro em papel, apenas moedas. As moedas de maior valor eram mais pesadas e, quando caiam na caixa, faziam barulho. Imagine a ostentação dos ricos em jogar suas moedas dentro da caixa. Como era público, ofertar aparecia muito para o povo. Eles contribuíam para aparecer socialmente. Aqui há uma sutil crítica aos líderes religiosos atuais que pensam que sua igreja irá melhorar se tiver pessoas ricas na congregação que façam doações. Não é por aí. O dinheiro de gente que gosta de ostentar o quanto deu para a igreja, mais atrapalha do que ajuda a comunidade. Toda a igreja, inclusive o líder, torna-se refém destas pessoas.
Viu também uma pobre viúva colocar ali duas moedas pequenas” (v. 2). Com certeza, todos viram os ricos dar suas ofertas, mas acredito que só Jesus viu aquela mulher pobre dar sua oferta. Jesus percebeu que a mulher era uma viúva. Social e financeiramente, as viúvas eram as pessoas na mais baixa condição em Israel. Não existia previdência social, elas não tinham mais os maridos para as sustentarem, as que não tinham filhos estavam completamente sozinhas e muitas delas começavam a mendigar para poder conseguir alguma coisa para comer e vestir. O texto afirma que a viúva que Jesus viu era paupérrima (não apenas pobre como está na tradução). Era o tipo de pessoa que não sabia se iria comer naquele dia (imagine sobre os dias futuros). Era alguém que precisava receber para poder viver. Mas eis que ela também se aproxima da caixa e lança ali duas pequenas moedas (no texto original grego, eram 2 “leptos”, a moeda de menor valor existente na época. Para nos ajudar, pense em duas moedas de R$ 1,00). Isto era tudo que ela tinha para viver. Veja: a viúva que precisava de ajuda, é quem vai ajudar com suas pequeníssimas posses. Um outro caso semelhante aparece na experiência do apóstolo Paulo em 2ª Coríntios 8.1-4. Paulo estava organizando uma coleta nas igrejas da região da Grécia para ajudar os cristãos de Jerusalém que passavam fome e privação. Os macedônios eram muito pobres e talvez Paulo tenha pensado que eles não iriam contribuir porque já viviam em situação de penúria. Escrevendo aos coríntios, que tinham uma boa condição financeira, veja o que Paulo diz: “Irmãos, quero que saibais como a graça de Deus foi concedida às igrejas da Macedônia, pois a intensidade da alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em riqueza de generosidade, e isso em dura prova de tribulação. Porque posso dar testemunho de que deram de livre vontade na medida de seus bens, e até mesmo acima disto, pedindo-nos com muita insistência, o privilégio de participar da assistência em favor dos santos” (observação: “santos” aqui eram os cristãos de Jerusalém). Quando a graça de Deus toca em pessoas muito pobres, elas ofertam o pouco que têm para abençoar os outros. Isto é muito, muito bonito para seres humanos. A lição é: doe o que você tem, mesmo sendo muito pobre, quando uma situação de necessidade aparecer ou quando quiser servir a Deus.
E disse: ‘Em verdade vos digo que esta viúva pobre contribuiu mais do que todos” (v. 3). A declaração que Jesus faz sobre a oferta da viúva é bombástica e verdadeira. Bombástica porque subverte completamente o raciocínio humano e verdadeira porque significa a forma como Deus vê toda a cena em frente à caixa das ofertas. Jesus afirma uma realidade econômica: a viúva era paupérrima.  Aí ele diz que ela deu mais do que todos. Veja: Jesus não diz que em comparação com cada um que deu, ela deu mais que cada um deles separadamente. Não. Jesus diz que ela deu mais que todos eles juntos! Pela matemática humana, o que Jesus disse é totalmente sem sentido. Foi um erro matemático horrível. Pela análise divina da situação, o que Jesus falou é a mais pura verdade. Quando alguém doa alguma coisa, Deus conhece as quantidades, mas ele nunca avalia por este critério (no próximo versículo, veremos qual é o critério de Deus para avaliar a oferta dada). Deus não olha quantidade e nem aparência física ou social. Deus diz acerca da forma dele analisar em 1º Samuel 16.7: “O Senhor não vê como o homem vê, pois o homem olha para a aparência, mas o Senhor, para o coração”. Portanto, segundo Jesus, é completamente antibíblica a ideia ensinada por muitos pastores de que se você der uma oferta sacrificial de muito valor financeiro, você tem mais certeza de obter a graça de Deus para o que quer. A palavra destes pastores é uma descarada mentira! Se você fizer isto, você vai engordar a carteira deles, mas de Deus, não receberá nada. Deus não é negociante: ele não vai olhar o tamanho da sua oferta; ele vai olhar suas motivações quando você dá e a forma como você o enxerga.
Pois todos aqueles deram do que lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo o que tinha para seu sustento” (v. 4). Segundo Jesus, todas as pessoas ricas deram as ofertas do que lhes sobrava. Dava para elas continuarem a viver bem sem aquilo que deram. A doação delas não fazia a menor diferença no nível de vida que tinham, ou seja, a doação não lhes tocava a vida. E mais: além de não fazer diferença nas finanças de suas vidas, estas pessoas pensavam que, por terem dado um alto valor, iriam ganhar o favor de Deus. Que bom investimento: já eram ricos e Deus lhes daria ainda mais riquezas ou um lugar no céu. Tudo de bom no pensamento desta gente.
A viúva sofria a privação da vida, pois ela era paupérrima. A continuidade da vida dela (ter o que comer) dependia daquelas duas moedas. Quando ofertou tudo o que tinha, a viúva jogou toda a vida dela naquela caixa! Saindo dali, como ela compraria o mínimo para comer? Ela não sabia, talvez passasse fome naquele dia, talvez no próximo. Mas uma coisa ela iria fazer com certeza, como sempre tinha feito durante toda sua viuvez: confiaria no Deus que sempre cuidou dela. Apesar da extrema pobreza, ela estava viva e tinha duas moedas para ofertar. Para ela, Deus era um pai no qual podia confiar. Enquanto os outros confiavam em seus bens retidos, a viúva confiava exclusivamente em Deus, por isso deu tudo.
O que Jesus nos ensina neste texto? Deus julga a oferta de uma pessoa, não pela quantidade, mas pelo comprometimento de vida no ato de dar. Quando você dá qualquer tipo de oferta, o que você está dando de sua vida? Só uns poucos reais que não lhe farão falta ou há algo de você que vai junto com amor? Para Deus, o que vale quando você doar algo é se você acredita que um Pai providente vai continuar cuidando de você. Se você fizer para trocar com Deus, pobre de você! Mas, se você der apenas por amor aos outros ou à obra de Deus, então: “Se vós, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está no céu, dará boas coisas aos que lhe pedirem” (Mateus 7.11).

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