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FLORDELIS: A FINA FLOR DO FUNDAMENTALISMO EVANGÉLICO

 

FLORDELIS: A FINA FLOR DO FUNDAMENTALISMO EVANGÉLICO

 

            Mais uma tragédia vergonhosa atinge os evangélicos neste nosso País. A pastora, cantora gospel, mãe de 55 filhos (4 biológicos e 51 adotados) e deputada federal Flordelis dos Santos de Souza é acusada pela polícia de ser a mandante do assassinato de seu marido o Pr. Anderson do Carmo. Neste assassinato, ela envolveu 7 filhos e uma neta, os quais foram presos. Ela não foi presa por ter imunidade parlamentar. É possível que a Câmara Federal casse seu mandato por quebra de decoro e, então, ela será presa e levada a julgamento junto com seus filhos. O motivo parece ser o fato de que Anderson controlava o dinheiro do Ministério Flordelis e da família e ela estava descontente com isto.

            Todos estes fatos envolvendo a pastora Flordelis é um sinal evidente do fundamentalismo evangélico, ligado com a teologia da prosperidade, que está tomando conta da maioria das igrejas evangélicas no Brasil. Vou mostrar porque chamo este movimento de fundamentalismo evangélico com a teologia da prosperidade.

            O fundamentalismo evangélico é oriundo dos Estados Unidos. Lá, entre os evangélicos, há um grupo muito forte e ativo que interpreta a Bíblia de uma forma extremamente literal. O grupo fundamentalista acha que sua interpretação da Bíblia é a única verdadeira e, portanto, rejeitam as interpretações até de outros grupos evangélicos, dizendo que os outros estão adulterando a Bíblia. Eles falam de salvação pela fé, mas são extremamente legalistas sobre como o crente deve viver. Tudo é cheio de muitas regras e não dão nenhum valor aos relacionamentos e à dignidade humana. Como só eles são os corretos, estão em briga com tudo e com todos: brigam com os gays, com as feministas, com os cientistas, com os que defendem o aborto, com os outros evangélicos, com todas as outras religiões, com governos. Eles querem impor seu pensamento para a sociedade na base da força, com o fim de fundar uma teocracia como era Israel no Antigo Testamento. Deste ambiente, surgem pessoas dispostas a tudo “em nome de Deus”, inclusive matar (é o caso de Flordelis e do homem que matou mais de 50 muçulmanos na Nova Zelândia). Como sempre, este fundamentalismo americano veio para o Brasil e aqui se aliou com a teologia da prosperidade. Esta teologia diz que os filhos de Deus têm a prosperidade garantida na Bíblia (outra interpretação literal). Se um crente prospera financeiramente então ele é um aprovado e abençoado por Deus; mas se o crente não prospera é porque ele está em pecado. Prosperidade para eles é material, não tem nada de espiritual (por qual motivo Flordelis mandou matar o marido?). Crente não pode ficar doente porque no nome de Jesus, que levou todas as enfermidades na cruz, ele tem só de declarar, expulsar o demônio da doença e ficará curado magicamente. É claro que todas estas “bênçãos” só chega ao crente mediado pelos pastores, bispos e missionários; para conseguir isso do Senhor, os crentes devem dar gordas ofertas de fé ao Senhor na mão dos pastores deste grupo. O fundamentalismo americano aprendeu que pode impor suas crenças e leis sobre a sociedade se se unir com políticos que mandam. Por isso eles se aliaram ao atual presidente americano e o sustentam no governo. O mesmo aconteceu no Brasil, onde o fundamentalismo evangélico é um dos pilares que atualmente sustenta o governo do atual presidente. Quando se fala com ódio, intolerância ou desprezo pelos gays, as mulheres, as feministas, os quilombolas, os índios, os negros, os comunistas, a democracia, o STF, o Congresso, etc, está-se reproduzindo o discurso do fundamentalismo evangélico.

            Voltemos a Flordelis. Em conversa com um dos seus filhos, falando sobre o possível assassinato do marido, ela diz: “Fazer o quê? Separar dele não posso, porque senão ia escandalizar o nome de Deus” (Site da Jovem Pan em 26/08/2020; as outras informações consegui no site da UOL em 28/08/2020). Veja aqui a lógica do fundamentalismo: está escrito na Bíblia que não se pode divorciar (interpretação literal). Se ela fizesse isto, causaria um grande escândalo no meio evangélico e ela perderia todo o dinheiro que recebia por ser pastora, líder de um ministério e cantora gospel. Embora fosse isto que ela quisesse, tal atitude secaria seus rendimentos e ela não seria mais eleita por causa do tal escândalo. Não dá para viver sem a “bênção” da riqueza. Se divorciar não pode, o único jeito é matar o marido. Também tem um mandamento na Bíblia de que não se pode matar. Mas este pessoal fundamentalista, quando o mandamento é contra eles, logo dão um jeito de driblar o mandamento. O que ela pensou é que, se mandasse matar o marido, sem que ninguém descobrisse que ela era a mandante, então tudo estaria no seu devido lugar: ela controlaria todo o dinheiro que estava na mão do Anderson (bênção material), continuaria a ser uma pastora e cantora de muito poder espiritual (poder político) e posaria de viúva coitadinha que perdeu o marido amado. Por isto aquela cena de choro e tristeza no velório dele.

            O fundamentalismo evangélico de hoje é a mesmíssima manifestação do farisaísmo da época de Jesus. Quero mostrar onde estão estas semelhanças:

1ª) Os fariseus diziam seguir à risca a lei de Moisés e a interpretavam literalmente, mas não praticavam o que ensinavam: “ (Jesus) dizendo: Na cadeira de Moisés, estão assentados os escribas e fariseus. Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam. Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem sobre os ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los” (Mateus 23.2-4);

2ª) Eles se achavam os certos, os santos e odiavam todos os que pensavam ou agiam diferentemente deles “Assim são vocês: por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade” (Mateus 23:28). Aliás, a pessoa que eles mais odiavam era Jesus e acabaram por matá-lo.

3ª) Os fariseus gostavam de punir pequenos pecados (divórcio, por exemplo), mas os grandes pecados que eles praticavam deixavam passar (assassinatos de Jesus e do Anderson, por exemplo): “Condutores cegos! Coais um mosquito e engolis um camelo” (Mateus 23.24).

4ª) Quando um mandamento era contra eles, davam um jeitinho de jogar o mandamento na lata do lixo e ainda posar de grandes santarrões: “E disse-lhes: "Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecer às suas tradições!” (Marcos 7:9).

5ª) Por fora, santarrões “Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens”
(Mateus 23:5); por dentro, eram cheios de podridão: “porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos e de toda imundícia” Mateus 23.27. Saibam que estes pastores guardam pecados terríveis dentro deles e escondem isto a sete chaves para que ninguém descubra.

6ª) Os fariseus amavam o poder político, eram membros do Sinédrio (espécie de Congresso da época) e tentavam impor suas crenças para toda a sociedade. Veja a opinião que eles tinham do povo: “Quanto a esta plebe que nada sabe da lei, é maldita” (João 7.49).

7ª) Os fariseus gostavam de se enriquecer tirando dinheiro dos mais pobres: “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês devoram as casas das viúvas e, para disfarçar, fazem longas orações. ” (Mateus 23:14).

            Jesus foi duro contra os fariseus. Era necessário mostrar os seus erros. No aspecto humano, os fariseus e outros líderes religiosos de Israel foram os responsáveis pelo seu assassinato na cruz. Por se comportarem como os fariseus, os fundamentalistas evangélicos de hoje vão continuar com sua interpretação literal da Bíblia, com seu ódio a todo grupo que for diferente do deles, sem coração mas agindo com o fígado, sem amor e sem compaixão. Veja outros escândalos recentes: um desses pastores fundamentalistas, famoso nos Estados Unidos, chamado Jerry Fallwel Jr teve descobertas algumas atitudes sexuais bem diferentes daquilo que ele ensinava e ele também administrava as finanças de seu ministério (adivinha como ele vivia); o pastor Everaldo foi preso hoje no Rio de Janeiro, acusado de participar de corrupção. E digo: outros escândalos aparecerão.

Este artigo tem dois objetivos: o primeiro é mostrar para você o que está acontecendo no mundo evangélico aqui no Brasil e o segundo é pedir a você que se afaste deste fundamentalismo anticristão e antibíblico. Nosso Senhor Jesus Cristo nos chama a segui-lo praticando o amor e a compaixão com todos os seres humanos. Não olhe para a Bíblia como um livro de regras, mas como o livro que nos fala do amor de Deus pelo mundo inteiro “Deus amou o mundo” (João 3.23). Jesus dava liberdade às pessoas de fazer o que quisessem, pois quando o jovem rico foi embora, não seguindo o conselho dele, a Bíblia diz que Jesus o amou. Ame as pessoas, mesmo que você não goste do jeito que elas vivem ou do que elas pensam. Não julgue você os outros, deixe que Deus, justo juiz, faça os julgamentos. Fale de Jesus com suas palavras, mas principalmente, fale com sua vida. Não tire proveito das outras pessoas, especialmente das mais fracas e vulneráveis da sociedade, mas seja defensor delas. Lute contra a injustiça, onde ela aparecer: “sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas" (Mateus 10:16). Seja bom, seja honesto, seja amigo, seja amoroso, seja Jesus. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 5.16).

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Tenho pena de seus alunos e de suas ovelhas. Quanta baboseira num artigo só. O que tem a ver teologia da prosperidade com Fundamentalismo. Onde está na bíblia, literalmente, que o crente próspero é aquele que é rico? Que não fica doente? Será que não está confundindo Fundamentalismo com alegoria, que nada tem a ver uma coisa com outra. Meu irmão, sugiro que comece a interpretar melhor a bíblia, se é que a conhece de verdade.

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