O QUE EU PENSO DO GOVERNO DO PRESIDENTE JAIR MESSIAS BOLSONARO
Pr Whitson Ribeiro da
Rocha
Nas
eleições de 2018, eu tinha meu candidato que eu julgava ser o melhor para
presidir o Brasil. Além do meu candidato, eu tinha minha convicção de que era
necessário tirar o PT do poder, principalmente por causa do escândalo do
petrolão. Quando chegamos ao 1º turno, meu candidato estava muito embaixo nas
pesquisas e, orientado por amigos, resolvi votar em Jair Bolsonaro para a
vitória dele no 1º turno contra o candidato do PT. Votei em Bolsonaro no 2º
turno. Naquele momento, Bolsonaro era uma contradição para mim. Gostava do seu
jeito franco de dizer as coisas, da sua coragem em enfrentar tudo e todos e do
seu discurso contra a “roubalheira dos políticos” e de que no seu governo não
haveria corrupção. Detestava nele o elogio a torturadores e ao golpe de 64, o
seu discurso a favor do uso de armas pelo povo e o fato de xingar e falar
palavrões contra qualquer pessoa que discordasse dele. Eu ficava incomodado com
o fato dele ter sido político por 27 anos seguidos, não ter feito nada de
relevante e de não ter nenhuma experiência administrativa. Naquela época, eu
tinha uma esperança de que, quando assumisse, ele mudaria sua forma de agir e
falar, até por orientação das pessoas que ele ia colocar em seu entorno.
Assisti
com a esperança de bom governo a sua posse em 1º de janeiro de 2019 e gostei do
ministério que ele nomeou cuja estrela principal era o ex-juiz Sergio Moro, mas
que também tinha o general Santos Cruz, a Teresa Cristina na Agricultura, o
médico Mandetta e o ex-astronauta Pontes. O ministro da Economia, Guedes era
uma incógnita para mim, mas achava que ia fazer uma boa gestão. Durante mais ou
menos seis meses defendi este governo, pensando estar no caminho certo.
Mas,
neste tempo, comecei a perceber certas coisas que eu não gostava. No poder,
Bolsonaro continuou com as mesmas agressividades de quando era candidato: xingar
os inimigos; falar palavrões; ridicularizar grupos como os negros, nordestinos,
mas os preferidos dele para ser grosseiro são os gays e as mulheres; quando um
aliado não segue suas ordens, ele promove um linchamento da reputação da pessoa
como foram os casos de Bebiano, Hasselman e Major Olimpio, entre outros. Ao
invés das pessoas que estavam junto com o presidente ajudar para melhorá-lo
como político e estadista, é ele quem piora estas pessoas. Eu percebi que era
verdade o que a imprensa dizia de que havia um gabinete do ódio dentro do
Palácio do Planalto não apenas para exaltar o presidente, mas principalmente
para atacar os inimigos. Quantas vezes eu vi estas postagens nos meus grupos de
whatsapp. Aliás, até hoje.
Outra
coisa que eu nunca gostei nas atitudes do presidente era a sua participação e o
seu apoio contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). Os grupos que
faziam manifestações contrárias ao Congresso e ao STF tinham a sua benevolência
e a ajuda de empresários amigos do governo. O próprio presidente participou
pessoalmente de algumas destas manifestações. Achei ridícula a manifestação em
que jogaram rojões sobre o STF. Eu ficava me perguntando: “Pra que ele faz
isto? O que ele sai ganhando?”. Na época, eu não sabia a resposta, mas ia
saber. No Congresso, sempre houve deputados e senadores sérios, que buscam o
bem do povo e muitos que estão ali para se aproveitarem do cargo para
enriquecimento pessoal. Mas foram eleitos pelo povo e a Constituição manda que
o executivo se entenda com o legislativo para aprovação de leis e planos de
governo. Que isto seja feito com transparência e não com ataques e brigas. O Judiciário
é o 3º poder da República. Embora eu não concorde com todas as decisões
tomadas, como cidadão devo obedecer às decisões dos juízes. Pela Constituição
brasileira, o STF é o guardião da própria Constituição conforme o Art. 102. “Compete
ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição”. Observe
que a guarda e a correta observância da Constituição não cabe às Forças
Armadas, mas ao STF. O que deseja um presidente quando ataca sistematicamente o
STF?
Mas
o pior de tudo foi a pandemia do covid-19. Os cientistas do mundo todo foram
aprendendo rapidamente acerca deste vírus novo. Eles conseguiram desenvolver no
prazo de 1 ano várias vacinas eficazes contra a doença. Durante este período
eles orientaram os governantes a tomar medidas não-farmacológicas e eficazes
contra o vírus: distanciamento social, uso de máscara, lavar as mãos com água e
sabão ou álcool gel e diminuição drástica do movimento das pessoas na cidade. Desde
o ano passado até hoje, o presidente desdenhou destas medidas: ele não usa
máscara, ele provoca aglomerações, ele não mantém distância. Ele nunca visitou
um hospital que trata covid, mas teve tempo de fazer festas e motociatas sem
uso de máscara e de distanciamento social. Quando perguntado sobre o assunto,
veja as respostas dele: “eu não sou coveiro”, “e daí? Quer que eu faça o que?”,
“todo mundo morre um dia”, “é uma gripezinha”, “país de maricas” entre outras.
Em março de 2020, Bolsonaro disse que morreriam, no máximo, 800 pessoas de covid.
Já são 580 mil mortos. O presidente Bolsonaro fez de tudo para não comprar
vacinas. Atrasou o mais que pode para não comprar as vacinas Coronavac, que ele
chamava “vachina”, Pfizer e AstraZeneca. Em outubro 2020, quando o ministro
Pazuello tinha acertado a compra de vacina Coronavac, Bolsonaro cancelou a
compra dizendo que não ia comprar a “vacina do Doria”. Só comprou vacina por
causa da pressão popular e dos políticos, mas já era tarde. Especialistas de
universidades federais dizem que, se o Brasil tivesse comprado vacina na hora
certa e tomado as medidas preventivas, cerca de três quartos das pessoas que
morreram estariam vivas hoje (https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2021/06/11/3-de-cada-4-mortes-por-covid-poderiam-ter-sido-evitadas-segundo-estudo-citado-por-pasternak)
(https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2021/03/mortes-por-covid-19-eram-evitaveis-responsabilidade-bolsonaro/
). Na pior época da pandemia, ele colocou um general totalmente leigo em
medicina e sem capacidade de coordenação nenhuma. Este general levou vários
oficiais do Exército para o ministério da saúde. Pazuello pegou o Brasil com 15
mil mortos e, dez meses depois, deixou com 280 mil. Pior ainda: enquanto
rejeitava as vacinas de empresas famosas, o Ministério da Saúde comprava
vacinas que não existiam de atravessadores e empresas que iam render propinas
aos seus ocupantes, conforme a CPI da Covid descobriu. Bolsonaro agiu muito mal
em relação à pandemia. Por causa de suas políticas públicas de saúde, milhares
de brasileiros morreram. Eles poderiam estar vivos hoje se ele tivesse tomado
as decisões certas.
O
Messias Bolsonaro, pelo qual muitos evangélicos estão fascinados, não gosta da
ciência quando ela se esforça para salvar vidas. Mas tem um tipo de ciência que
ele gosta: a das armas para matar. Ele vive falando de revólver e armas de alto
calibre; fez um decreto de que cada cidadão podia comprar seis armas para sua
defesa, incluindo fuzil; gosta de tanque na rua. Dias atrás, ele disse que quem
compra feijão ao invés de comprar um fuzil é um idiota. Veja a declaração dele:
“tem que todo mundo comprar fuzil, pô. O povo armado jamais será escravizado.
Eu sei que custa caro. Tem um idiota: 'ah, tem que comprar é feijão'. Cara, se
não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar”. Este é o
Messias Bolsonaro da morte. Ele só pensa em matar, atirar e dar um golpe de
Estado para se tornar o ditador do Brasil. Ele não está nem aí para os milhares
que morrem de covid. Ele é o oposto de um outro Messias que amava as pessoas e
as curava: “E Jesus, ao desembarcar, viu uma grande multidão; e, tendo
compaixão dela, curou os seus enfermos” (Mateus 14.14). O verdadeiro Messias
disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10.10). O
que o verdadeiro Messias teria nas mãos: feijão ou fuzil?
Por
tudo isto, mudei de ideia em relação ao presidente Bolsonaro e luto pelo seu
impeachment. É importante tirá-lo da presidência de forma pacífica e como manda
a Constituição Brasileira. Crimes não faltam da parte dele. Se você gosta do
governo de Bolsonaro, então apoie seu presidente. Mas, se como eu, você acha
que Bolsonaro se tornou um mal para o Brasil, prejudicando o País em tudo que
ele faz, então convido você a participar das manifestações de 12 de setembro.
Estas manifestações estão sendo convocadas pelos movimentos Vem para a Rua e
Movimento Brasil Livre (MBL). Estes movimentos não são de esquerda. O MBL
ajudou a eleger Bolsonaro em 2018, mas mudou de opinião. Mesmo que você não
possa ou não queira ir para a rua no 12 de setembro, manifeste sua opinião
contra este governo. As pesquisas mostram que mais de 60% desaprovam o governo
Bolsonaro e esta porcentagem continua subindo.
É
isto que eu penso do governo Jair Bolsonaro. Teria outras coisas para dizer,
mas fica para outra ocasião. Sei que estou nadando contra a maré no meio
evangélico, pois muitos pastores e seus fiéis são a favor deste governo. Acho
que estamos vivendo um momento crítico para o Brasil com mais de 19 milhões de
brasileiros passando fome, 15 milhões de desempregados, a inflação voltando, os
alimentos numa carestia terrível, pouca vacinação com as duas doses ainda, uma
economia totalmente desorganizada. Numa hora como essa, não dá para ficar
calado ou com medo, pois “Deus não nos deu o espírito de covardia, mas de
poder, de amor e de equilíbrio” (2ª Timóteo 1.7). O governo Jair Bolsonaro vai
passar e o Brasil vai melhorar. Peço a Deus que seja pelo impeachment e que o
Vice-Presidente Hamilton Mourão assuma a presidência até a posse de um novo,
eleito em outubro de 2022.
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