A IDENTIDADE DO CRISTÃO
1ª PARTE: RENUNCIANDO A SI MESMO EM FAVOR DE JESUS
Em meados do
século XX, o rei do Império Britânico era Eduardo VIII. Este rei enamorou-se de
uma americana divorciada chamada Wallis Simpson. Pelas regras da realeza, não
poderia casar-se com ela. Ele decidiu fazer algo inimaginável para um rei.
Renunciou ao trono em favor do seu irmão George (pai da atual rainha Elizabeth
II) e casou-se com a mulher amada. Algo semelhante vai ocorrer ao discípulo de
Cristo. Já vimos que a identidade de Jesus Cristo incorpora sua morte na cruz
do Calvário (Lucas 9.20-22). Agora, Jesus fala da identidade do seu discípulo
em Lucas 9.23-26. Hoje, veremos a 1ª parte deste texto que é Lucas 9.23.
Jesus estende o
convite do seu discipulado a qualquer pessoa. Ele diz assim: “Se alguém quiser
seguir após mim, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me” (v.
23). Quando ele diz: “se alguém quiser”, está dizendo que, para ser um
verdadeiro cristão, precisa haver o desejo por Jesus. Quando você ama alguém,
você deseja esta pessoa o tempo todo e quer estar perto dela. Ser discípulo de
Jesus é amá-lo o tempo todo. Há uma “fome” de Jesus que só pode ser saciado por
ele. O desejo por Jesus está na raiz do discipulado.
Interessante é a
posição do discípulo em relação a Jesus. O discípulo sempre vai “atrás de mim”,
disse Jesus. Ele não disse que o discípulo vai à frente dele, como a dar ordens
para onde Jesus deve ir. Hoje, tem gente assim: eles “exigem” que Jesus faça a
vontade deles. Se Jesus não fizer, abandonam-no. Jesus também não disse que o
discípulo vai ao lado como se fosse um amigo: estou bem com você, mas posso
discordar de suas ordens “numa boa”. O único lugar que o discípulo pode ir é
atrás de Jesus. Ele vai à frente, ele comanda a vida do discípulo e este o
segue de boa vontade e com alegria. Ao ir atrás, o discípulo entrega sua
vontade e seu futuro a Jesus. Se não for assim, não há discipulado.
Jesus cita três
condições para quem quer ser discípulo dele. A primeira condição é: “negue-se a
si mesmo”. Negar-se aqui é dizer não à sua própria maneira de viver a vida. É
renunciar aos seus objetivos pessoais. É desistir da forma como lida com a
vida. É ter apenas um objetivo principal: fazer a vontade de Jesus Cristo,
pensando agora na alegria dele ao invés da sua. São palavras fortes demais para
você? Como uma geração como a nossa, que foi criada para ser egoísta e
hedonista, pode suportar esta renúncia a si mesma? No entanto, negar-se a si
mesmo não é nada menos do que foi dito.
A segunda
condição é: “tome diariamente a sua cruz”. Hoje, a cruz é símbolo do
cristianismo. Para nós, é um símbolo lindo. Mas, na época de Jesus, não era
assim. A cruz era o símbolo da morte mais cruel. A cruz daquela época tem, hoje
em dia, o mesmo significado para nós, de uma forca, um revólver apontado para a
cabeça de alguém ou uma faca na mão de um terrorista com alguém ajoelhado. Quem
levava a cruz na época só fazia a viagem de ida porque não voltaria. Estava
morto para a sociedade antes mesmo de ser pendurado na cruz. Levar a cruz significa
que o discípulo “morre” para o mundo e seu jeito de fazer as coisas, seus
valores e seus aplausos. Dizemos não à corrupção deste mundo, suas injustiças,
mentiras, ódios, religiões mecânicas, etc. Significa também que nos
identificamos com a morte de Jesus. Morremos junto com ele, há dois mil anos
atrás. A cruz de Jesus é nosso lugar. É com isto que nos importamos.
A terceira
condição é: “siga minha pessoa”. Este é um aspecto positivo de incluir a pessoa
de Jesus em minha vida pessoal: “assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo
vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus”
(Gálatas 2.20). É viver a vida num profundo relacionamento com ele. É amá-lo,
orar, estudar a Bíblia, falar dele, amar seu Reino, pensar como ele, cantar
para ele. É ter um profundo relacionamento com ele, maior até que os relacionamentos com o
cônjuge, filhos e pais.
Aquele que
aceitar estas três condições e tornar-se um discípulo de Jesus vai sentir uma
enorme explosão de vida na sua existência. Sua personalidade será caracterizada
pelo amor. Haverá uma paz em seu coração que nunca vai acabar. Viver será uma
aventura extremamente alegre, mesmo em meio a sofrimentos. Tornar-se-á uma
pessoa autêntica com opiniões definidas, mas sempre disposto a escutar os
outros. Viverá a bondade e a verdade como nunca viveu em toda sua vida.
Carregará em seu coração uma esperança de vida tão forte que nenhum poder
mundano poderá tirar. Afinal de contas, o discípulo se tornará semelhante ao
seu Mestre.
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