NO DISCIPULADO DE JESUS, O MAIOR É O QUE SERVE AOS OUTROS
O desejo por ser
o maior, o líder, o campeão faz parte dos desejos mais profundos do ser humano.
É o anseio por poder. Algumas pessoas brigam muito por chegar ao topo que
almejam. Na Igreja de Jesus também é assim. Formamos estruturas eclesiásticas e
muitos lutam para chegar ao topo e poder impor sua vontade e comandar outras
pessoas. Tantas vezes estabelece-se uma guerra entre as pessoas envolvidas. O
resultado é que um pequeno grupo assume a chefia e muitos saem machucados e/ou
rancorosos. Esta situação também aconteceu com o grupo dos doze apóstolos de
Jesus. Vejamos o que ele ensinou acerca disto em Lucas 9.46-48.
Eles caminhavam.
Jesus, o mestre, ia à frente e seus apóstolos atrás, como era costumeiro
naquela época. Entre os apóstolos começou uma discussão para saber quem deles
era o maior (v. 46). Cada pessoa pensava que era ela própria. Imagine Pedro,
Tiago, João, Mateus, Judas Iscariotes e os outros discutindo uns com os outros
para ser o principal naquele grupo de discípulos. Eles andavam com Jesus por
mais de dois anos, mas a cabeça deles continuava mundana. Nem sempre pessoas
que estão há muito tempo na igreja têm o pensamento de Cristo. Estão há
cinquenta anos numa mesma igreja e continuam a ser briguentos, raivosos e a
querer dominar todo mundo. Aliás, Jesus tinha acabado de falar de suas próprias
fraquezas e da sua morte em favor dos outros.
Jesus percebeu o
que havia no coração deles (v.47) e qual era o assunto da discussão. Não deu
bronca e nem desistiu deles: ensinou! Chamou a atenção deles colocando uma
criança a seu lado. Em Israel, naquela época, a criança era o indivíduo mais
fraco da sociedade. Não havia rede de proteção às crianças, exceto seus pais e
familiares. Uma criança poderia ser vendida como escrava para pagar débitos dos
pais. Se ficasse órfã dos dois pais, corria o risco de passar fome se ninguém
tivesse a piedade de acolhê-la. Numa escala de poder, a criança estava em
último lugar, pior que um escravo, pois este sabia se virar para viver. É
justamente uma criança que Jesus coloca a seu lado quando eles discutem acerca
do poder. E aí, Jesus expressa um dito maravilhoso que convém estudarmos: “quem
recebe esta criança em meu nome, está me recebendo; e quem me recebe, está
recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre vocês for o menor, este
será grande” (v. 48).
A criança
representava os mais fracos na sociedade. O que acaba com o desejo de poder é
colocar a vida a favor dos mais fracos. Receber uma criança é cuidar, proteger
e ajudar. “Em meu nome” significa que, ao ajudar o fraco, o discípulo entende
que se honra a Cristo assim, adora-se a ele desta forma. Quem recebe um fraco,
recebe a Cristo. Não é adoração você participar de um culto numa igreja,
cantar, bater palmas, chorar, ouvir a mensagem e, ao sair dali, ficar com os
olhos secos e cegos às necessidades das pessoas. A adoração a Jesus consiste
também em colocar nossa vida para ajudar quem precisa de nós, especialmente os
que sofrem mais por causa de sua fraqueza social. Quantas vezes você tem
acolhido uma criança? Qual a última vez que você demonstrou atos de amor
concretos a pessoas que precisavam de sua ajuda? Você teve a consciência de
que, ao ajudá-los, estava ajudando o próprio Cristo? Infelizmente, muita de
nossa “adoração” é só para nos beneficiar como indivíduos, sem nenhuma
consequência social. Se for apenas isto, não é adoração.
Quem recebe
Jesus através dos fracos, recebe o Pai. O Pai enviou Jesus para os fracos.
“Pois aquele que entre vocês for o menor, este será grande”. Aquele que, no
discipulado de Jesus, existe como o menor, e assim se considera, e por causa
disto serve aos outros, este é grande. Na igreja de Jesus, não há maior nem
menor. Todos podem ser grandes porque todos podem servir. Certo comentarista
disse: “no reino de Deus, quem quer ser grande, paradoxalmente, deve desistir
de todas as ambições de ser grande”. É o serviço abnegado em favor do próximo
que faz de alguém um gigante aos olhos de Deus. Quanto mais nos abaixamos para
servir as pessoas, tanto mais Deus nos levanta em honra e glória. Que um dos
principais propósitos de sua vida seja servir às pessoas, abençoá-las com seus
atos de amor e misericórdia. Se não tem feito isto, decida-se fazer e procure
um caminho para praticar isto.
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