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Lucas 09.52-56 - RESPEITANDO O NÃO DO OUTRO

RESPEITANDO O NÃO DO OUTRO

Você evangeliza e quer muito que as pessoas sejam salvas por receberem a Jesus em seus corações, mas elas passam ao largo desta conversa. Por saber que o evangelho de Jesus é bom, você tenta forçar a pessoa a aceitá-lo e aí surge o atrito porque a outra pessoa não quer. O que fazer? Insistir ou parar? Este acontecimento ocorrido com Jesus em Lucas 9.52-56 ajuda-nos a tomar decisão em situações semelhantes à descrita acima.
Jesus assumiu o firme propósito de fazer sua última viagem em direção a Jerusalém. Era a decisão por sua morte vicária. A humanidade seria beneficiada com a possibilidade da salvação. Ao ir da região da Galiléia para a cidade de Jerusalém pelo caminho mais curto, Jesus teria que passar pela região da Samaria. Judeus (regiões da Galiléia e Judéia) odiavam samaritanos e vice-versa. Jesus escolheu o caminho mais curto, ou seja, foi pelas terras samaritanas. Ele começou a caminhada com seus doze apóstolos, mas, famoso como era, pessoas foram se agregando à sua comitiva nesta romaria. Com este número grande de pessoas para uma extensa caminhada, Jesus envia alguns mensageiros adiante para uma cidade próxima a fim de providenciar alimentação e pousada durante a noite (v. 52). Naquela época, os povoados eram muito pequenos e não havia hotel ou restaurante para estes peregrinos. Eles eram recebidos nas casas e em pequenas estalagens e isso exigia uma negociação por causa do número de pessoas. Aqui há uma lição importante de Jesus para todos nós: ele tinha um altíssimo ideal (morrer em favor da humanidade), mas não se esqueceu de organizar as coisas simples da vida tais como comer e dormir. Muitas vezes, dedicamo-nos a coisas que julgamos importantes na vida (trabalhar, um relatório de trabalho, uma dissertação, conversa com uma autoridade) e ignoramos as coisas simples (ajudar a esposa na limpeza da casa, fazer compras no supermercado, levar os filhos para passear, etc). Veja, Jesus ia morrer na cruz, mas também cuidou de assuntos do dia a dia. Tempos atrás, li uma frase no facebook no mesmo teor do que falo aqui: “todo mundo quer salvar o mundo, mas ninguém quer ajudar a mãe a lavar a louça”.
Os mensageiros vão a uma vila de samaritanos que, ao perceberem que são judeus e vão em direção a Jerusalém, negam a hospitalidade (v. 53). Por causa de questões políticas-religiosas não quiseram recebê-los. Os mensageiros voltam e informam Jesus sobre a decisão daquela vila de samaritanos. Imediatamente, à frente de seu grupo, Jesus continua o caminho em direção a outra vila. Ao ouvir esta notícia, os discípulos-irmãos Tiago e João aproximam-se de Jesus e perguntam: “Senhor, queres que façamos cair fogo do céu para destruí-los?” (v. 54). Estes homens sentiram-se profundamente desprezados e ressentidos pela atitude dos samaritanos. Unindo o ressentimento do desprezo com o ódio cultural pediram a morte de dezenas de pessoas pelo simples fato de terem rejeitado Jesus. Mudando de religião, é a mesma coisa que o Estado Islâmico faz quando mata pessoas só porque não querem se “converter” ao islamismo. Respeite o “não” do outro. Jesus respeitou, Tiago e João não.
Ao ouvir estas palavras, Jesus se voltou para eles, olhos nos olhos, e deu uma severa bronca nestes dois homens: “vocês não sabem de que espécie de espírito vocês são, pois o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los” (v. 55). Embora esta frase não conste dos melhores manuscritos, ela afirma o teor da bronca que Jesus deu: o espírito que quer matar as pessoas por rejeitar nossas ideias e fé não é o Espírito de Jesus e mais, o discípulo de Jesus nunca, jamais vai matar alguém (principalmente, se for em nome da fé), pelo contrário, vai sempre lutar pela salvação de todas as pessoas. Leitor: dê liberdade às pessoas de dizer “não” a Jesus; que isto cause em você tristeza, nunca ressentimento; continue a ser amigo destas pessoas e a testemunhar de Jesus através da amizade. Depois de dar a bronca nos irmãos, Jesus continuou sua caminhada em direção a outro povoado (v. 56). Ele continuou a viver sua vida e sua missão. Bendito Jesus!

Cerca de três anos depois da morte de Jesus, quando a igreja estava estabelecida em Jerusalém, um diácono chamado Filipe desceu até uma cidade de samaritanos. Pela primeira vez, um judeu pregou o evangelho a eles após o início da igreja. Os samaritanos converteram-se a Jesus e foram batizados (Atos 8.4-8). Por determinação de Deus, fugindo do normal, não foi permitido a estes samaritanos receber o Espírito Santo quando creram. Deus queria fazer uma obra de convencimento nos apóstolos de Jerusalém. Quando receberam a notícia da conversão dos samaritanos, os preconceituosos apóstolos enviaram Pedro e João para averiguar a situação (Atos 8.14). “Estes, ao chegarem, oraram para que estes recebessem o Espírito Santo ... então Pedro e João lhes impuseram as mãos, e eles receberam o Espírito Santo” (Atos 8.15,17). Você lembra que este mesmo João, três anos antes, havia pedido a Jesus para matar samaritanos com fogo do céu e que Jesus disse que ele falava por outro espírito que não era o de Jesus? Eis ele agora, junto com Pedro, impondo as mãos e liberando o Espírito Santo que é o Espírito de Jesus aos samaritanos! Jesus transforma os nossos preconceitos em acolhimento! Contra que grupos você alimenta preconceitos ou fala mal deles hoje? Que tal, com a graça de Jesus, transformar este preconceito em acolhimento? O Espírito Santo veio para amar e salvar através de nós, não para alimentar preconceitos.

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