Pesquisar neste blog

Lucas 10.29-32 - POR QUE NÃO AMAMOS O PRÓXIMO

A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO (2ª Parte)
POR QUE NÃO AMAMOS O PRÓXIMO?

Se amar a Deus com todo o ser e ao próximo como a nós mesmos, por que temos tanta dificuldade em fazer isto? Se desejamos amar, por que ocorrem tantos crimes, guerras, vinganças, violências, ciúmes, ódios, brigas e separações? Um intérprete da Lei de Moisés perguntou para Jesus o que deveria fazer para herdar a vida eterna. Jesus lhe perguntou o que ele lia na Lei sobre isto? Ele respondeu com o duplo mandamento do amor: a Deus e ao próximo. Jesus disse que ele respondera bem e que fizesse isso. Para aquele intérprete, amar a Deus era até fácil. Mas, e o próximo? É esta questão que Jesus começa a elucidar em Lucas 10.29-32.
O texto diz que o intérprete da Lei “querendo justificar-se”, perguntou a Jesus: “quem é o meu próximo?” (v. 29). Na primeira pergunta, ele quis tentar e humilhar Jesus. Ele estava no ataque. Agora, ele tenta se justificar e, ao fazer a pergunta, coloca-se na defensiva. Progressivamente, ele vai perdendo a questão para Jesus. A pergunta pelo próximo tinha duas respostas correntes no Israel daquela época. A maioria entendia que o próximo era alguém do próprio povo de Israel. Qualquer israelita era o próximo, mas um gentio (pessoa de outro povo) não era. O grupo da elite entendia que o próximo era apenas o que seguia corretamente a Lei de Moisés. Neste caso, só os melhores em Israel mereciam ser amados. O intérprete da Lei pensava assim: “amar a Deus é fácil para mim; se Jesus responder que o próximo é alguém do povo de Israel, então eu consegui os dois feitos”. Desta forma, ele pensa sair louvado por Jesus.
Jesus não responde com uma lista de pessoas que eram ou não o próximo. Ele conta uma estória. Esta estória (parábola) ele inventa, mas tira da vida real de Israel. Diz ele: “um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu na mão de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto.” (v. 30). Um homem israelita comum descia para Jericó. Jerusalém fica em um monte (Sião) e, para qualquer lugar que se vai tem de descer. Jericó ficava a 28 Km de distância. Aquela era uma estrada íngreme e cheia de muitas curvas. Os assaltantes ficavam escondidos em penhascos, espreitando para atacar em bando. Este homem foi vítima de assaltantes violentos. Tiraram sua roupa, roubaram seus bens e dinheiro e bateram tanto nele que ficou quase morto, jogado ao lado da estrada, desacordado e ensanguentado. Sem falar e sem roupa, não podia ser identificado. Jesus nos diz que o mal, feito pelo homem, sempre está presente, infelizmente.
“Aconteceu estar descendo pela mesma estrada, um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado” (v. 31). Sacerdote era membro de uma elite em Israel e, portanto, devia estar a cavalo. Os sacerdotes oficiavam no templo de Jerusalém, por turnos. Para oficiar, eles estavam submetidos a algumas regras de pureza cerimonial. Duas destas regras estavam em jogo nesta estória. Uma regra dizia que o sacerdote ficaria impuro se tocasse em alguém morto. Outra dizia que era impuro se tocasse ou fosse na casa de um gentio (não israelita). Ao ver o homem caído, o sacerdote, do alto do seu cavalo, não sabendo se ele estava morto ou se era um gentio, deu mais valor às regras de sua religião, ao salário que não receberia e à vergonha perante seus colegas se ficasse impuro. Ele avaliou tudo isto e resolveu não ajudar aquela pessoa. Virou seu cavalo para o outro lado e seguiu sem ajudar. O primeiro motivo para não ajudar os outros é a insensibilidade ditada por regras religiosas e sociais.
A segunda pessoa foi um levita: “e assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado” (v. 32). Um levita era um trabalhador braçal do templo, subordinado aos sacerdotes. Ele não tinha as mesmas regras de impureza do sacerdote. Como era um trabalhador do povo, ia a pé. Quando chega perto, vai até o homem, percebe que ele ainda está vivo, mas vai embora sem ajudar. Por quê? Certamente ele viu o sacerdote, seu chefe, passando por ele a cavalo. De longe, viu que o sacerdote não parou. O levita pensou assim: “se minha autoridade religiosa não ajudou este homem, então eu não devo ajudar também. Se eu ajudar, posso ficar mal com meu sacerdote, que é meu líder”. O segundo motivo é quando seguimos as “ordens” de um superior (seja de que tipo for) para não ajudar e, covardemente, aceitamos estas orientações e deixamos a pessoa morrer na estrada.

Até aqui, Jesus nos ensina que não amamos o próximo porque pensamos mais em nós mesmos do que nele. Algumas vezes somos cruéis e praticamos o mal. Outras vezes, temos uma posição a manter e, por causa disto, não ajudamos os que pertencem a outro grupo diferente do nosso. Criamos uma insensibilidade para com o sofrimento do outro, que não nos toca. Outro motivo é o medo do que vão dizer se eu ajudar certas pessoas. Crueldade, insensibilidade e medo fazem com que não amemos nem a Deus e nem ao próximo. Isto é muito perigoso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário