A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO (3ª Parte)
UM INESPERADO HOMEM DE COMPAIXÃO
Na semana em que
escrevo este texto, agentes do Estado Islâmico mataram mais de 120 pessoas em
Paris. A ideia deles é a seguinte: “se você não for do meu grupo religioso,
você é meu inimigo e meu maior desejo é matar você”. Leia o texto a seguir e
veja como é diferente o pensamento de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus!
Um homem foi
atacado e roubado por ladrões que bateram muito nele e o deixaram ensanguentado
e quase morto à beira de uma estrada. Passou por ali um sacerdote da Lei de
Moisés e, virando seu cavalo para o outro lado, não quis saber dele porque
temia ficar impuro para exercer o seu ofício sacerdotal. Passou um levita
(trabalhador braçal do templo), chegou a olhar o homem de perto, mas foi embora
sem ajudar porque teve medo do que o sacerdote, seu superior espiritual,
pensaria dele. A crueldade (ladrões), a indiferença (sacerdote) e o medo
(levita) levam-nos a não amar o próximo. A estória continua, mas Jesus coloca
pimenta nela. Vamos ver o seu final em Lucas
10.33-37.
Judeus e
samaritanos viviam um completo ódio racial. Era parecido com a relação hoje
entre judeus e palestinos. Eles se viam como inimigos mortais. Tinham de
conviver juntos porque os romanos dominavam tudo e não permitiam guerras
internas em seus domínios. Na história que Jesus está contando, todos esperavam
agora que passasse um judeu leigo. Mas o audacioso Jesus, diante de uma plateia
de judeus, faz do inimigo samaritano o herói da história. Conta ele: “mas um
samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o
viu, teve misericórdia dele” (v. 33). O samaritano parece ser um comerciante.
Ele está de viagem, tem alguns animais de carga (provavelmente jumentos), dos
quais um era sua montaria. O samaritano tinha tudo para não ajudar: o homem
caído devia ser um inimigo judeu e, os judeus que passaram na frente, nada
fizeram. No entanto, ele foi olhar o homem e ficou compadecido. O amor ao
próximo deve ter como base a compaixão. Na compaixão, olhamos para o outro e
não para nós. Alguém pode ajudar pessoas necessitadas para que seu nome saia
nos jornais ou deseje ganhar pontos com a divindade. Estes são motivos que
visam ao interesse do próprio doador, não do outro que sofre. Compaixão é um desejo
interior que consiste em que o outro fique bem apenas porque o outro é um ser
humano. Para quem tem compaixão, dói ver o outro sofrendo e não fazer nada.
“Aproximou-se,
enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre
o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. No dia
seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e lhe disse: ‘cuide dele. Quando eu
voltar, lhe pagarei todas as despesas que você tiver’” (v. 34,35). Por causa da
compaixão, o samaritano toma algumas atitudes concretas: 1ª) dá os primeiros
socorros (era o que o levita devia ter feito). Ele limpa as feridas com azeite
e vinho (remédios da época) e ata as feridas com panos; 2ª) coloca o homem
sobre o seu próprio animal e vai a pé, fazendo o trabalho de um escravo (era o
que o sacerdote deveria ter feito); 3ª) levou o homem para uma estalagem e
cuidou dele. Aqui ele correu risco de morte, pois se algum parente daquele
homem o encontrasse na estalagem, chamaria outros judeus e fariam um
linchamento daquele samaritano, acusando-o de ter feito os golpes. Quem ama
sempre corre riscos de perda, dor e sofrimento. Quem não ama ninguém, não sofre
por nada; 4ª) pagou, muito bem pago, as despesas da cura do homem e se
responsabilizou por pagar a diferença, caso houvesse (ele reverteu o trabalho
dos ladrões que machucaram e roubaram ao passo que ele curou e deu dinheiro). A
estória termina aqui, mas imagine se depois aquele judeu, já com boa saúde,
encontra-se com o samaritano. Certamente, o abraçaria e seriam amigos. O amor é
uma força poderosíssima; é a única que transforma inimigos em amigos.
Neste momento,
Jesus perguntou ao intérprete da Lei: “qual destes três você acha que foi o
próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” (v. 36). O intérprete
tinha perguntado a Jesus quem era seu próximo. Jesus devolve a pergunta, um
pouco diferente: “de quem você precisa tornar-se próximo”. O intérprete da Lei
respondeu: “aquele que teve misericórdia dele” (v. 37). O próximo não é só
Israel ou meus amigos, mas qualquer um que precise de mim: seu próximo não são
grupos determinados de pessoas de quem você gosta, mas todo ser humano. O
intérprete da Lei sai desta conversa humilhado, pois percebe que não ama seu
próximo. A palavra final de Jesus para ele foi: “vá e faça o mesmo” (v. 37). Jesus
quis ajudá-lo a romper suas barreiras preconceituosas e ensina que a vida
inteira é de olhar para os outros (sem rótulos) e fazer o bem.
Que lições
tiramos da parábola do bom samaritano? Primeira lição: que a vida eterna é amar
a Deus com todo o nosso ser, entregando-nos a ele e amar o próximo, seja quem
for, superando a nós próprios. Segunda lição: Jesus é o bom samaritano! Quem
nos encontrou caídos nos pecados, à beira da morte eterna? Quem cuidou de
nossas feridas espirituais? Quem nos carregou para o reino do amor, o reino de
Deus? Quem pagou o nosso preço, não com dois denários, mas com seu sangue
precioso para que todos os nossos pecados fossem perdoados? Quem nos dá a vida
eterna e nos ensina a amar? O bom samaritano é Jesus! Eu quero amar Jesus por
toda a minha vida! Por causa deste amor a Jesus, quero amar todas as pessoas.
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