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Lucas 11.27-28 - MARIA NÃO É NOSSA MÃE, E SIM NOSSA IRMÃ

MARIA NÃO É NOSSA MÃE, E SIM NOSSA IRMà

O evangelho de Lucas foi escrito por volta do ano 60 d.C., ou seja, 30 anos depois da morte de Jesus. É o evangelho que mais fala de Maria, mãe de Jesus. Os capítulos 1 e 2 narram o nascimento de Jesus a partir da experiência de Maria, o que significa que Lucas conversou diretamente com ela ou com alguém muito próximo a ela. Por volta do ano 60, já devia existir alguma admiração em relação a Maria. Lucas escreve este evento de Lucas 11.27-28 para mostrar como Jesus queria que víssemos sua mãe e todos os discípulos.
O v. 27 diz assim: “enquanto Jesus dizia estas coisas, uma mulher da multidão exclamou: ‘feliz é a mulher que te deu à luz e te amamentou’”. Naquela época, o desejo de toda mulher era ser mãe de filhos homens. Se um filho homem se tornasse importante e famoso na sociedade, então a mulher que o dera à luz, considerar-se-ia extremamente abençoada e seria admirada pelas outras pessoas. Em especial, por outras mães. É o que acontece aqui. Uma mulher, no meio da multidão que está ouvindo Jesus e que viu o milagre que ele fez de curar um mudo, solta uma exclamação de elogio à mãe dele. Certamente, ela não conhecia a mãe dele, mas não precisava. Ao ver um mestre que curava enfermos e ensinava como ninguém, aquela mulher anônima exalta a outra mulher que chama de bem-aventurada por haver dado à luz e amamentado aquele homem. Ela dá a Maria um status superior por ter sido a mãe de Jesus.
Ao ouvir esta afirmação, Jesus diz: “antes, felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e lhe obedecem” (v. 28). Primeiramente, precisamos observar que Jesus não desconsidera a afirmação daquela mulher. De fato, no próprio evangelho de Lucas, Maria é chamada de “bem-aventurada” por ter sido escolhida por Deus para ser a mãe de Jesus pelo anjo (Lucas 1.28), por Isabel cheia do Espírito Santo (Lucas 1.42) e por ela própria (Lucas 1.48). A escolha de Deus, não seus méritos, é que a faz bem-aventurada e ela reconhece isto (Lucas 1.48).
No entanto, e aqui está o sentido da resposta de Jesus, se Maria é bem-aventurada por ter sido a mãe de Jesus, mais bem-aventurados são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a obedecem. Maria é bem-aventurada por ter sido uma serva passiva para o nascimento do Salvador ao passo que estes outros são ativos em ouvir o que Jesus tem a dizer e obedecer-lhe de todo coração. Esta palavra do v. 28 “antes” significa que, embora o que foi dito anteriormente seja correto, o que ele diz depois tem mais valor do que o que foi dito antes. Assim, ser discípulo consciente e obediente do Senhor Jesus é a maior de todas as bem-aventuranças. Se você é discípulo de Jesus com sinceridade de coração, então perante o próprio Senhor Jesus, você está no mesmo nível de sua mãe Maria, de Paulo, de Pedro, de João e de todos os grandes homens e mulheres da história. Eles foram escolhidos para aqueles eventos importantes narrados na Bíblia e nós fomos escolhidos para os eventos importantes relacionados ao nosso tempo e nosso povo particular. Mas, o que importa a todos é ouvir e obedecer à palavra de Deus.

Embora Jesus esteja fazendo uma diferenciação entre a bem-aventurança de Maria e a bem-aventurança de todos os seus discípulos, é claro que Maria também se encaixa neste segundo grupo, pois ela também se tornou discípulo de Jesus, mesmo sendo sua mãe. Ela está no mesmo nível dos demais discípulos. O fato de ter sido escolhida para ser a mãe de Jesus não a coloca acima dos demais discípulos. O apóstolo Paulo tem uma palavra sobre estas relações que algumas pessoas tiveram com Jesus na sua vida terrena: “assim que nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2ª Coríntios 5.16-17). O que ele diz é que, da ressurreição de Jesus em diante, os que tinham relações pessoais com Jesus nos tempos em que ele passou neste mundo (na carne), então estas relações não têm mais o mesmo valor, pois o que importa é estar em Cristo, independente se o conheceu durante a vida terrena dele ou não. Maria não é nossa mãe (acima de nós), ela é nossa irmã (no mesmo nível de todos os outros discípulos). Este ensino, que considero corretamente interpretativo do texto bíblico, não desmerece Maria, apenas exalta a obra redentora de Jesus. Deus ama a todos os seus filhos igualmente.

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