TRIBUTO AO PROF. RICHARD
JULIUS STURZ
Em 1979, entrei na Faculdade Teológica Batista de São
Paulo. Receoso, não sabia direito o que Deus queria para minha vida. Mas,
naquele mesmo ano, estudando naquela casa, percebi que o estudo da teologia era
uma verdadeira delícia para mim.
No segundo ano, começaram as aulas de Teologia
Sistemática. Foi nessa disciplina que conheci o prof. Sturz. Ele tinha fama de
ser o terror dos alunos e a maioria não queria ir para sua classe. Eu estava na
lista de alunos de sua classe e quis conhecê-lo.
O professor Sturz tinha suas peculiaridades. Tinha suíças
muito grandes. Geralmente, vestia camisa xadrez e grossas meias de lã, mesmo no
verão. Gesticulava com os dedos. Tinha olhos que pareciam penetrar dentro de
nós. Sua risada, seca, era inconfundível.
Não conheci ninguém que ensinasse teologia sistemática
tão bem quanto o prof. Sturz. Ele não dava as respostas mas nos obrigava a
pensar nelas. Seus comentários faziam com que eu enxergasse caminhos que nunca
havia percebido.
O que mais me marcou no ensino do professor Sturz foi a
descoberta de que a revelação de Deus era feita de paradoxos. Com ele aprendi
os paradoxos do “já” e do “ainda não”, da Trindade no qual Deus é um em
essência e três em pessoalidade, das naturezas humana e divina na única pessoa
de Jesus Cristo, da eleição e do livre-arbítrio, da Bíblia que é palavra de
Deus e palavra dos homens.
Acabei formulando minha própria compreensão da teologia
como o entendimento de que a verdade é constituída de paradoxos (verdades
paralelas) que estão sempre juntas mas que não é possível harmonizá-las
racionalmente. Aprendi que compreender a revelação de Deus é viver debaixo
dessas duas verdades e evitar os ensinamentos errados decorrentes apenas da
escolha de uma só delas.
Depois que conclui meu curso de Teologia, tornei-me
professor de teologia sistemática. É o que mais gosto de estudar e ler. Há 20
anos, trabalho no ensino teológico e sei que muito do que sou veio daquele
homem, um verdadeiro professor. Nunca tive contato com prof. Sturz fora da sala
de aula mas sua docência me ajudou a viver e a ser pastor e teólogo.
Soube que no dia 5 de junho de 2009 ele faleceu. Partiu
para conhecer completamente o Senhor a
quem serviu de com coração limpo e inteligência aguçada e privilegiada. Como
aconteceu quando meu pai morreu, a morte do prof. Sturz trouxe-me uma saudade
que dói.
A você, querido mestre, meu tributo.
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