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TEOLOGIA SISTEMÁTICA 01.04 A INERRÂNCIA DA BÍBLIA

A INERRÂNCIA DA BÍBLIA

Professor Whitson Ribeiro da Rocha


DEFINIÇÃO

Inerrância é o ponto-de-vista teológico que declara que a Bíblia, nos seus autógrafos originais e corretamente interpretada é inteiramente verdadeira e nunca falsa, em tudo que afirma, quer no tocante à doutrina e ética como também em relação às ciências sociais, físicas ou biológicas. (adaptação de P. D. Feinberg, Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, p. 180).

 


CONCEITOS SOBRE A INERRÂNCIA DA BÍBLIA

1)      Conceitos liberais sobre a inerrância
Conceito geral liberal: a Bíblia contém erros.

1.1)            1º grupo de teólogos liberais
-          a idéia é que a verdade divina não se localiza num livro antigo mas sim na obra contínua do Espírito Santo na comunidade, discernida pelo julgamento racional crítico;
-          o contato com Deus é mais sentido que verbalizado e, portanto, a revelação de Deus pode ser expresso de mais de uma maneira;
-          a Bíblia contém erros porque foi escrita por homens e não é inspirada.

Resposta da visão evangélica de inerrância:
-          a inspiração se deu conforme já estudamos;
-          o Espírito Santo nos dá a Bíblia como a base da revelação de Deus;
-          Deus se verbaliza quando quer comunicar-se (ex.: Jesus é a Palavra encarnada);
-          por que continuar cristãos se Deus se revela através de sentimentos que podem dispensar a Bíblia?
-          para que a Bíblia se ela pode conter erros na parte doutrinária?

1.2)            2º grupo de teólogos liberais
-          a Bíblia, embora inspirada por Deus, contém erros;
-          ela é inspirada em questões referentes à salvação e ética mas contém erros em questões históricas, cientificas e sociais;
-          estes erros devem-se à cultura humana da época.

Resposta da visão evangélica de inerrância:
-          dá para dissociar salvação e ética de questões culturais? A revelação de Deus se dá principalmente na história; se a história for falsa a revelação total também é!
-          logicamente se há erros na história bíblica, quem garante que não há erro na doutrina?
-          logo, tudo está em dúvida.

1.3)            3º grupo de teólogos liberais
-          este grupo tem seu expoente maior em Karl Barth – chama-se a neo-ortodoxia;
-          Deus está muito acima do ser humano e é impossível apreendê-lo por palavras;
-          logo, a Bíblia em si não é a palavra de Deus mas a palavra de Deus está na Bíblia;
-          a Bíblia pode conter erros mas isto não é importante.

Resposta da visão evangélica de inerrância:
-          achar a Palavra de Deus dentro da Bíblia fica sendo um exercício puramente subjetivo;
-          existe a formação de um “cânon dentro do cânon”;
-          a Bíblia perde sua autoridade porque fica sujeita à autoridade humana.

2)      Conceito católico-romano de inerrância
-          até o Concílio Vaticano II (1962/3) a Igreja católica romana apoiava integralmente a inerrância;
-          nesse Concílio dá-se abertura para entender a inerrância apenas em questões de salvação e ética;
-          mas para a Igreja católica romana a questão da inerrância não é importante devido ao magistério da igreja. Ou seja, a doutrina católica ensina que a igreja é a única que tem autoridade para interpretar as Escrituras porque as produziu e mais, a igreja tem autoridade sempre para formular dogmas (oriundos da tradição) que tem o mesmo valor das Escrituras. Este magistério é exercido pelos papas (encíclicas papais), concílios e a Santa Sé;
-          desta forma para a doutrina católica a inerrância das Escrituras é secundária porque inerrante é o que a Igreja católica romana ensina.

Resposta da visão evangélica de inerrância:
-          embora escrita por homens que foram a base da igreja, os apóstolos e profetas tinham sua autoridade diretamente de Deus e de Jesus Cristo. Logo, eles estavam acima da Igreja;
-          a Bíblia tem autoridade exclusiva sobre a Igreja como Palavra de Deus e serve de guia para suas decisões.

3)      Conceito evangélico de inerrância
-          a Bíblia é infalível e inerrante;
-          ela não contém erros em nada do que afirma, quer seja relacionado com salvação e ética, quer com a história e ciência;
-          a inerrância, como a inspiração, refere-se aos autógrafos originais.


ARGUMENTOS A FAVOR DA INERRÂNCIA

1)      Argumentos bíblicos
-          a inspiração e declaração: Mt 5.17-20; Jo 10.34,35
-          a Bíblia pede que seja averiguada sua veracidade: Dt 18.20-22; Is 46.10; Jo 5.39
-          as Escrituras usam “detalhes” das Escrituras no cumprimento/profecia: a) Jo 10.34,35 com Sl 82.6 “deuses”; b) Mt 22.29-36 “Deus de vivos”; c) Gl 3.16 “descendente”
-          o caráter de Deus: Deus não mente Nm 23.19; I Sm 15.29; Tt 1.2; Hb 6.18

2)      Argumento histórico
-          durante toda a sua história a igreja tem defendido a inerrância.

3) Argumento arqueológico
-          onde há certeza a arqueologia tem confirmado os fatos bíblicos até aqui.




CUIDADOS ACERCA DA INERRÂNCIA

1)      Cada livro da Bíblia deve ser interpretado em sua própria literatura, contexto e teologia do autor. Ex.: evangelhos sinóticos, profecias, etc.

2)      Os autores bíblicos descrevem fenômenos conforme lhes aparecem e não em termos científicos ou históricos atuais. Ex.: “o sol parou” (Js 10.13).

3)      Os autores bíblicos apresentam Deus em linguagem humana e isto implica em “acomodar” Deus em linguagem diferente. Ex.: “Deus é imutável” Tg 1.17 com “Deus se arrependeu” Gn 6.6.


4)      Erros textuais nada tem a ver com a inerrância dos autógrafos originais. Ex.: Rm 5.1 “temos” ou “tenhamos”.

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