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Lucas 15.11-20a - DA BOA VIDA COM O PAI À MISÉRIA

A PARÁBOLA DOS DOIS FILHOS PERDIDOS (1ª Parte)
DA BOA VIDA COM O PAI À MISÉRIA

Jesus está sendo criticado pelos líderes fariseus porque ele comia com “gente de baixa reputação” e era amigo dos “pecadores”. Os críticos fariseus consideravam-se muito santos e superiores aos demais homens e, de forma alguma, se juntariam com pecadores. Ele conta três parábolas para explicar seu comportamento: a da ovelha perdida, a da moeda perdida e esta que dei o título “a parábola dos dois filhos perdidos”, mas que é mais conhecida como “a parábola do filho pródigo” (Lucas 15.11-32). Vamos analisá-la em três partes. Esta primeira parte diz respeito ao filho mais novo, que vai da boa vida com o pai à miséria porque fez suas escolhas.  O texto é Lucas 15.11-20a.
“Jesus continuou: um homem tinha dois filhos” (v. 11). Pelo contexto, percebemos que o homem é um fazendeiro, tinha muitos assalariados que trabalhavam para ele e seus dois filhos também trabalhavam em seu campo. Como era comum naquela época, os filhos só herdariam as terras de seu pai quando ele morresse. Era obrigação dos filhos cuidar do pai na velhice e fazer seu enterro. Mesmo tendo muita terra, o pai mora numa comunidade. Um dia desses, “o mais novo disse ao seu pai: ‘pai, quero a minha parte da herança’” (v. 12). Este filho está rejeitando sua filiação ao pai e, implicitamente, está desejando a morte do pai. Para a época, era um absurdo o que este rapaz estava pedindo. Mais absurda ainda é a atitude do pai: “assim, ele repartiu sua propriedade entre eles” (v. 12). O que se esperava do pai, ao ouvir tão insolente pedido, era que desse uma surra no filho e o mandasse trabalhar. E olhe lá se não ia perder sua parte na futura herança. Mas o pai aceita o pedido e faz a divisão formal entre os dois filhos. Aqui começamos a fazer a relação entre este pai da parábola e Deus: ele nos deixa ir embora e pecar, mesmo com uma dor muito grande em seu coração. Deus não impõe seu querer sobre ninguém; ele não nos controla a ponto de forçar a nossa vontade.
“Não muito tempo depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, e foi para uma região distante; e lá desperdiçou os seus bens, vivendo irresponsavelmente” (v. 13). Num lugar onde se gastava meses para uma negociação, este filho vendeu rapidamente a sua parte da herança. Arrecadou muito dinheiro e sonhou com a liberdade e o total rompimento com seu pai, indo para um país distante. Ali viveu por um tempo, na “gandaia”, sem nenhuma restrição. Dissipou irresponsavelmente os bens que havia tirado de seu pai. Veja o que aconteceu: “depois de ter gasto tudo, houve uma grande fome em toda aquela região, e ele começou a passar necessidade” (v. 14). Gastou sem trabalhar e desperdiçou tudo e, para piorar sua situação, uma calamidade se abateu naquele país: uma grande fome. Sem dinheiro, estrangeiro e sem emprego, começa a passar necessidade: é quando a realidade da vida começa a bater na porta. Outra lição de Jesus: somos livres para abandonar Deus e seus mandamentos, mas teremos que nos preparar para sofrer as consequências desta decisão, e elas não serão boas. “Por isso foi empregar-se com um dos cidadãos daquela região, que o mandou para seu campo a fim de cuidar de porcos” (v. 15). O porco era um animal proibido para um judeu criar ou comer sua carne, pois era considerado um animal imundo pela lei de Moisés. Fora de Israel, o porco era criado e comercializado normalmente. Este jovem desce socialmente e percebe que sua liberdade acabou de forma degradante: sendo judeu, ia cuidar de porcos. “Ele desejava encher o estômago com as vagens de alfarrobeira que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada” (v. 16). A pouca comida que conseguia não o satisfazia. Ele era estrangeiro e ninguém lhe dava nada. Ele estava emagrecendo e morrendo de fome aos poucos.
Quando chega ao fundo do poço, atormentado pela fome constante, “caindo em si, ele disse: ‘quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome!’” (v. 17). Ele começa a raciocinar para tentar sair de sua horrível situação: os trabalhadores assalariados de seu pai tinham abundância de pão e ele morrendo de fome. “Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai, e lhe direi: ‘pai, pequei contra o céu e contra ti’” (v. 18). Ele decide fazer o longo caminho da volta para a casa de seu pai e já ensaiou seu discurso. Ele dirá ao pai que pecou. Primeiro contra Deus, porque desobedeceu o quinto mandamento da lei de Moisés que manda honrar pai e mãe; e em segundo lugar, pecou contra o pai porque gastou o dinheiro que deveria usar para cuidar do pai na velhice e fazer o seu enterro. O filho mais novo admite que é pecador. “Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados” (v. 19). Este jovem sabe que não terá mais nenhum direito legal ao que é do pai e por isso não quer ser tratado como filho. Para ele, basta ser tratado como empregado, pois poderá ter uma vida confortável. Veja bem, este filho não está interessado no pai e sim em sua subsistência. No final das contas, ele apenas quer sair do estado de inanição para a abundância de pão. Um bom negócio. “A seguir, levantou-se e foi para seu pai” (v. 20a). Coloca seu plano em marcha.

Há pessoas que, fugindo de Deus, praticam coisas erradas, chamando a isto de “liberdade”. A vida se encarrega de mostrar as consequências deste tipo de liberdade. No entanto, é Deus quem dá liberdade a elas até para que façam suas escolhas erradas. O único jeito de começar a sair desta teia de aranha que construíram para si mesmos é se ver no fundo do poço, “morrendo de fome”, afirmar sua completa pecaminosidade e pôr-se a caminho para voltar para o Senhor Deus. É este o seu caso?

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