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Lucas 16.1-8 - USE DA MISERICÓRDIA DE DEUS A SEU FAVOR

A PARÁBOLA DO ADMINISTRADOR ASTUTO (1ª Parte)
USE DA MISERICÓRDIA DE DEUS A SEU FAVOR

A Operação Lava Jato abriu aos brasileiros as entranhas da corrupção na área político-empresarial. Corruptos e corruptores tornaram-se detestáveis. A parábola do administrador astuto que Jesus contou é uma das mais difíceis de interpretar, principalmente porque o herói é um administrador corrupto e velhaco, mas que usa da misericórdia de outro a seu favor inteligentemente. A parábola e seu ensino estão em Lucas 16.1-13 e hoje veremos a parábola em si em Lucas 16.1-8. Para que a entendamos, teremos de recorrer ao contexto da época através do livro “A Poesia e o Camponês” que, em edições posteriores, teve o título modificado para “As Parábolas de Lucas” de Kenneth Bailey.
“Jesus disse também aos seus discípulos: ‘o administrador de um homem rico foi acusado de estar desperdiçando os seus bens’” (v. 1). Jesus estava falando aos fariseus (15.2) e aos seus discípulos. A história fala de um homem rico que arrendava suas terras e recebia o aluguel anual dos arrendatários. Ele tinha um administrador que, no caso, era um empregado contratado para este serviço. Algumas pessoas disseram a este fazendeiro que seu administrador estava desperdiçando, esbanjando seus bens. “Então ele o chamou e lhe perguntou: ‘Que é isso que estou ouvindo a seu respeito? Preste contas da sua administração, porque você não pode continuar sendo o administrador’” (v. 2). O patrão o chama e cobra uma resposta acerca das informações. Quando a primeira pergunta é feita, o administrador fica em silêncio. Esta atitude é admissão de culpa. Daí vem a decisão do patrão de que ele preste contas, ou seja, traga os contratos com os arrendatários, pois ele estava demitido. Aqui há duas informações contextuais importantes. A primeira é que esta conversa aconteceu apenas entre o patrão e o administrador, ou seja, ninguém ainda sabia desta decisão do patrão. Em segundo lugar, cito Bailey (p. 268): “Ao mesmo tempo, o mordomo descobre neste ponto, outra coisa a respeito do seu senhor, que é tremendamente importante. Ele é exonerado, mas não encarcerado ... O mordomo pode ser julgado e preso. Pelo contrário, ele não é nem vituperado. O senhor, dada as circunstâncias, foi incomumente misericordioso para com ele ... mesmo para com um mordomo desonesto”. Isto é muito importante para o entendimento da parábola.
“O administrador disse a si mesmo: ‘Meu senhor está me despedindo. Que farei? Para cavar não tenho força, e tenho vergonha de mendigar. Já sei o que vou fazer para que, quando perder o meu emprego aqui, as pessoas me recebam em suas casas’” (v. 3,4). Ao ouvir sua demissão, que só ele sabe, começa a pensar no seu futuro: como sobreviver? Não quer fazer trabalho braçal, pois se acha fraco. Não quer pedir esmolas, pois considera isto uma vergonha para ele. Então uma luz brilha em sua mente e ele tem uma ideia que, se der certo, vai levá-lo a conseguir emprego em outras casas. “Então chamou cada um dos devedores. Perguntou ao primeiro: ‘Quanto você deve ao meu senhor?’ ‘Cem potes de azeite’, respondeu ele. O administrador lhe disse: ‘Tome a sua conta, sente-se depressa e escreva cinquenta’. A seguir ele perguntou ao segundo: ‘E você, quanto deve?’ ‘Cem tonéis de trigo’, respondeu ele. Ele lhe disse: ‘Tome a sua conta e escreva oitenta’” (v. 5-7). Ainda como administrador, ele chama um por um dos arrendatários para que seu plano não seja descoberto. Ele está com os contratos em mãos e, com cada um em particular, ele negocia uma redução substancial de 20 a 50% da dívida. Os valores a ser pagos são altos. Um estudioso calcula a redução, em média, de 500 denários por arrendatário (um denário era o valor da diária de um trabalhador). Os devedores não estão fazendo nada ilegal por dois motivos: o primeiro é que, por não saber que ele foi demitido, eles pensam que o administrador está autorizado pelo dono das terras a conceder esta redução (Bailey informa que, se os arrendatários soubessem que ele já estava demitido, não teriam modificado nada do contrato, p. 269); em segundo lugar, os arrendatários têm certeza de que o administrador conseguiu esta redução para eles junto ao seu patrão. Quando os contratos são modificados, na comunidade, com certeza, começou uma festa em honra ao senhor das terras por sua tão grande generosidade. Preste atenção na extrema astúcia e inteligência deste administrador: ele percebeu que seu patrão era misericordioso porque não mandou prendê-lo. Ao dar a entender aos arrendatários que a redução substancial dos aluguéis vinha do patrão, o administrador joga com a misericórdia dele a seu favor: se o seu patrão é misericordioso, ele não vai voltar atrás nos acertos feitos. Desta forma, quando fossem informados que ele estava demitido, muita gente o contrataria porque veria nele um administrador capaz.
Dito e feito. Quando o patrão soube o que ele fez, podia tomar uma de duas atitudes. A primeira atitude possível era cancelar todas as reduções, explicando que o administrador já estava demitido quando fez isto. Legalmente, ele estaria correto em agir assim, porém ele atrairia sobre si a ira e a raiva de toda a comunidade que já estava celebrando sua generosidade. A outra atitude era aceitar a redução dos contratos como vindo dele. Desta forma, ele perderia dinheiro, mas ganharia a comunidade para si por muitos anos. Ele escolheu a segunda opção. O administrador injusto e demitido dera um xeque-mate nele. Daí a conclusão no v. 8: “O senhor elogiou o administrador desonesto, porque agiu astutamente. Pois os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os filhos da luz”. O elogio do senhor não era porque o administrador era desonesto. Era porque o administrador usou da misericórdia e generosidade do patrão para resolver seu problema de desemprego. Neste sentido, para Jesus, os filhos deste mundo são inteligentes entre si, jogando com as características dos outros para ter vantagem. Mas os filhos da luz não fazem o mesmo diante de Deus.

Afinal de contas, o que Jesus quer nos ensinar com esta parábola? O ensino é este: assim como o administrador soube resolver sua crise confiando na misericórdia e generosidade de seu patrão, assim também, os filhos de Deus devem confiar que a misericórdia e generosidade de Deus os ajudará a superar as crises que eles passam neste mundo. Qual é a crise pela qual você está passando agora? Péssima relação com o cônjuge ou os filhos? Financeira? Perda da reputação? Existencial? Depressão? Desemprego? Por que você não começa a trabalhar soluções para seus problemas sabendo que seu Deus será generoso e misericordioso com certeza?

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