O MESSIAS JESUS ENTRA EM JERUSALÉM (4ª Parte)
O MESSIAS JESUS GOVERNA
Jesus entrou em Jerusalém aclamado por seus discípulos como o Rei-Messias montado num jumentinho. Chorou sobre Jerusalém, a grande capital de Israel, porque ela não queria ser governada e cuidada por ele. Chegamos agora ao último ato desta entrada triunfal de Jesus com sua ida ao templo e o que ele fez lá em Lucas 19.45-48. Aqui terminamos uma grande parte do livro de Lucas conhecido como “O Documento da Viagem”, que vai de Lucas 9.51 a 19.48. Este documento fala da última viagem que Jesus fez a Jerusalém com o propósito de morrer ali pelo seu povo e ressuscitar dos mortos. Neste documento estão parábolas exclusivas de Lucas como as do filho pródigo, administrador infiel, a história de Lázaro e o rico, entre outras.
“Depois disso, quando entrou no templo, começou a expulsar os que ali vendiam” (v. 46). Após chorar sobre Jerusalém, o Rei-Messias Jesus não vai a um palácio ou quartel para começar a reinar. Não! Ele vai ao templo, considerado como casa de Deus. Ele vai ao templo porque seu reinado é espiritual e não político. No templo, ele faz uma limpeza, uma purificação do mesmo: expulsa todos os que vendiam. Vamos entender a situação. Quem ia adorar no templo deveria levar, em determinadas ocasiões, animais para ser sacrificados ou ofertas de farinhas. Como muitos vinham de longe, não dava para trazer um animal, então a grande maioria deixava para comprar o animal próximo ao templo. O problema é que os principais sacerdotes que administravam o templo reservaram uma parte dele, o pátio dos gentios (este era o único lugar que um não-judeu poderia ficar para adorar a Deus) para este comércio. A consequência desta atitude é que um não-judeu nunca poderia adorar no templo, pois seu pátio estava ocupado por vendedores e animais. Além disso, os vendedores cobravam um preço muito acima do normal e parte dos lucros era dado aos principais sacerdotes, que se enriqueciam com isto. Jesus expulsou (jogou fora) todos os vendedores e eles foram obrigados a sair dali e deixar aquele pátio vazio para a adoração dos não-judeus. Jesus demonstrou, como Rei-Messias, uma extraordinária força moral e espiritual de enfrentar a poderosa estrutura sacerdotal e vencê-la. Mas seu ato indica outras orientações para nós: 1) o ato específico de adoração a Deus nunca será comércio: exigir que as pessoas doem ofertas para receber um benefício da divindade é algo falso e deplorável, segundo Jesus; 2) a relação homem-Deus e homem-homem nunca será de troca: não adianta fazer penitências ou promessas para conquistar o favor de Deus, pois a única relação com ele é a da graça que gera gratidão obediente. As verdadeiras relações homem-homem não são de troca, pois pais amam filhos de forma incondicional e filhos amam pais da mesma forma. Numa amizade verdadeira você não fica calculando o custo/benefício de qualquer ação conjunta, você simplesmente quer estar junto.
Jesus então fala algo muito importante que é citado de dois profetas do Antigo Testamento: “Dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformastes em antro de assaltantes” (v. 46). Jesus cita um escrito de Deus no Antigo Testamento que, para ele, continua em vigor. O texto diz que o templo é casa de oração, lugar onde o homem conversa e adora o Deus Eterno. Interessante é que Jesus age como o próprio agente do texto em nome de Deus. Este novo Rei-Messias não está interessado em poder político, mas na relação da adoração com Deus e no respeito entre os homens. A citação que Jesus faz está em Isaías 56.6,7: “E os estrangeiros que se unirem ao Senhor para cultuá-lo e amar o nome do Senhor, tornando-se assim seus servos, todos os que guardarem o sábado, sem profaná-lo, e os que abraçarem a minha aliança, eu os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”. Isaías está dizendo que os estrangeiros (não-judeus) que amam ao Senhor têm lugar no templo. Jesus, ao reinar, congrega todos (judeus e gentios) na adoração ao Pai. Maravilhoso Jesus! Ao contrário de Jesus, o que os religiosos fizeram do templo? Um lugar de roubo, comércio e desrespeito do ser humano. Ali se enriqueciam às custas do povo pobre. Com esta atitude, eles demonstraram sua distância de Deus conforme o texto do profeta Jeremias 7.8-11: “Mas vós confiais em palavras falsas e sem proveito. Por acaso, furtando, matando, [...] vireis e vos apresentareis perante mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: ‘Estamos seguros!’ Apenas para continuardes a praticar todas estas abominações? Esta casa, que se chama pelo meu nome, transformou-se para vós num antro de ladrões? E eu, eu mesmo, vi isso, diz o Senhor”.
Lucas termina narrando como era o reinado de Jesus e a oposição que se formou a este formidável Rei: “E todos os dias ensinava no templo; mas os principais sacerdotes, os escribas e os líderes do povo, procuravam matá-lo; mas não achavam meio de fazê-lo, pois todo o povo ficava fascinado ao ouvi-lo” (v. 47,48). No templo, através do ensino do povo, Jesus estabelecia seu reinado. Prezado leitor, o estudo e o ensino da Bíblia são fundamentais para que Jesus reine em sua vida. Se você é súdito do Rei Jesus, tem como obrigação meditar nos textos bíblicos e aplicá-los na sua vida. Jesus disse: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos” (João 8.31). Jesus e o povo simples sempre estiveram juntos. O povo virou fã de Jesus, pois estava fascinado por ele. Sem saber, este apego por Jesus protegia-o de ser assassinado naquele instante. Interessante é que, depois da ressurreição de Jesus, este povo se converteria em massa a ele quando ouvissem seu evangelho contado pelos discípulos. Afinal, eles já amavam Jesus! Mas, bem distante do povo comum, formava-se uma aliança do mal que envolvia só cabeças: os líderes dos sacerdotes, os escribas intelectuais e os líderes políticos do povo. A aliança desta gente tinha como objetivo destruir Jesus de qualquer maneira. Eles perceberam que estavam perdendo a admiração do povo e suas benesses por causa dele. O problema é que estavam desorientados sobre o que fazer porque o povo amava e protegia Jesus. Eles teriam de pensar num plano para eliminar Jesus de vez.
Vimos que Jesus entra em Jerusalém e age como o Rei-Messias prometido por Deus. Seu reino não é político-militar, mas espiritual e ético, e sempre será assim. Mas sua obra mais importante como Rei-Messias ainda estava por chegar: uma tosca cruz!
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