OS EMBATES DO
REI/MESSIAS JESUS COM A LIDERANÇA RELIGIOSA DE ISRAEL (3ª Parte)
A RELAÇÃO DO REINO
DE DEUS COM OS REINOS POLÍTICOS
Jesus continua nas
escadarias do templo ensinando uma enorme multidão. A liderança religiosa de
Israel, com muito ódio, está disposta a fazer de tudo para acabar com Jesus.
Neste contexto, acontece o terceiro embate entre eles e Jesus acerca do imposto
pago ao César (título de todos os imperadores romanos) e que está descrito em Lucas 20.20-26. Naquele tempo, Israel
estava debaixo do domínio romano que cobrava impostos dos seus habitantes.
“E, aguardando uma oportunidade, mandaram espiões, que se
fingiam de justos para apanhá-lo em alguma palavra e entregá-lo à jurisdição e
à autoridade do governador” (v. 20). Os líderes religiosos de Israel
vigiavam cada palavra e cada passo dado por Jesus. O objetivo era destrui-lo fisicamente
ou em sua reputação. Arquitetaram um plano para causar sua morte. Enviaram
subordinados para armar armadilhas a fim de prendê-lo e acusá-lo diante do
governador romano, que era o único que podia determinar a morte de alguém.
Observe a diferença de atitudes: enquanto os líderes estavam programando a
morte de Jesus, ele estava ensinando o povo. “Eles lhe
perguntaram: ‘Mestre, sabemos que falas e ensinas o que é certo e não levas em
conta a aparência da pessoa, mas ensinas o caminho de Deus segundo a verdade’”
(v. 21). Eles elogiaram Jesus, com astúcia. O objetivo destes elogios era
desarmar Jesus para que ele falasse qualquer coisa que o comprometesse. Cuidado
quando alguém o elogiar muito. O exagero em elogios pode esconder algum
objetivo maldoso.
Então os enviados
fazem uma pergunta capciosa: “Para nós, dar tributo a
César é correto ou não?” (v. 22). Eles não têm nenhum desejo de
aprender, pois querem pegar Jesus. Os judeus odiavam pagar imposto a um governo
estrangeiro. Já haviam ocorrido levantes em Israel por causa disto. A questão de
pagar impostos aos romanos era muito melindrosa. A armadilha da pergunta
consistia no seguinte: se Jesus dissesse que “sim, devemos pagar imposto aos
romanos”, eles iriam dizer que Jesus cooperava com o governo opressor e ele
ficaria malvisto pelo povo; se Jesus dissesse que “não, não devemos pagar
impostos aos romanos”, eles iriam acusá-lo formalmente ao governador e pedir
sua prisão e morte por sedição. “Mas Jesus, percebendo
a astúcia deles, disse: ‘Mostrai-me um denário’. De quem são a imagem e a
inscrição que ele tem?’ Responderam-lhe: ‘De César’” (v. 23-24). Jesus,
que nunca foi ingênuo, percebe com clareza a armadilha que lhe armaram. Ele então
pede um denário. O denário era uma moeda romana, de prata, e que equivalia a um
dia de trabalho de um trabalhador. Era uma moeda que poucos teriam em mãos. Ao
pedir a moeda, Jesus demonstra que seus opositores já estavam dentro do esquema
de César, logo, por que perguntar para Jesus? Jesus também demonstra que ele
próprio nem dinheiro tinha. Jesus pergunta sobre a imagem e inscrição na moeda.
Na resposta “de César”, eles manifestam que todo o sistema econômico ali
pertencia ao César.
“Disse-lhes então: ‘Dai a César o que é de César, e a Deus o
que é de Deus” (v. 25). Nesta simples frase de resposta à questão, Jesus
nos ensina grandes lições acerca da relação entre o Reino de Deus e os reinos
políticos deste mundo (vou chamar de Estado que é a forma política na qual uma
nação se organiza). Em primeiro lugar, há dois reinos no qual temos obrigações:
o Reino de Deus e o Estado. O verbo “dai” no texto, deveria ser traduzido por “pagai”,
porque Jesus entende como obrigação de cada um servir a Deus e ao Estado. Somos
cidadãos de nosso País e isto nos leva a deveres e direitos dentro dele. Ao
mesmo tempo, e também no Estado, servimos a Deus.
Em segundo lugar,
Jesus nos ensina que há coisas que o Estado gera para seus cidadãos e que devem
voltar para ele (dai a César o que é de César). Não há só pessoas ao meu redor,
também há entidades jurídicas, sendo a maior delas, o Estado. O Estado produz
bens para seus cidadãos: tudo que você faz durante o dia, está organizado pelo
Estado de alguma forma. Os cidadãos devolvem estes benefícios em forma de
manutenção do sistema, geralmente através de impostos. Por outro lado, há
coisas na vida que pertencem a Deus e a ele devem voltar: amor, lealdade,
ofertas, a vida, etc.
Em terceiro lugar,
Jesus diz que não podemos cruzar os limites: o que é de César deve ser dado a
ele; o que é de Deus deve ser dado a ele. Eu não posso pegar o que é de César e
dar a Deus e vice-versa. Eu, cidadão, não posso dar o valor do imposto como
oferta para minha igreja: é de César, não de Deus. Eu, cidadão, não posso, em
nome da minha fé, exigir que o Estado faça isto ou aquilo porque está de acordo
com a minha fé pessoal. Neste sentido, Jesus é o primeiro pensador da história a
propor um “Estado laico”. Estado laico é aquele que não é dirigido por nenhuma
fé religiosa específica, mas se constitui através de um pacto social entre
todos os seus cidadãos (este pacto recebe hoje o nome de Constituição). Por
outro lado, não posso dar a César o que é de Deus. Não posso aceitar que o
Estado se intrometa na minha forma de adorar a Deus e de crer nele. Não posso
adorar e dar o melhor da minha vida para homens que são governantes no Estado
(por exemplo, eu não posso idolatrar Lula ou Bolsonaro na minha vida, como
muitos cristãos estão fazendo, defendendo mais estas pessoas do que o próprio
Jesus; obedecendo muito mais a estas pessoas do que ao próprio Senhor Jesus.
Dou um exemplo claro: Jesus nos manda amar o inimigo; os cristãos adeptos de
Lula e Bolsonaro vivem o tempo todo arrotando ódio e xingando as pessoas que
pensam diferentes deles nas redes sociais e no dia a dia. A quem estes “cristãos”
estão servindo?). Não posso adorar o Estado ou viver apenas para ele e me
esquecer de Deus. Nunca o Estado poderá me proibir de crer em Deus ou me
obrigar a pecar contra o Senhor.
“E não conseguiram apanhá-lo em nenhuma palavra diante do
povo; e, admirados da sua resposta, calaram-se” (v. 26). Os próprios
astuciosos ficaram com a palavra de Jesus zanzando na mente deles. Se fosse uma
luta de boxe, era nocaute! Diante da sabedoria de Jesus, só restou uma coisa a
eles: o silêncio. Sábio Jesus Cristo!
Toda a sua vida é
de Deus e pertence a ele. Mas Deus quer que você viva responsavelmente dentro
da sociedade onde o inseriu. Participe ativamente de sua sociedade. Ela está aí
para abençoar sua vida. Participe do que é bom na sua cultura (e tem muita
coisa boa) e melhore o que não está bom ou está errado. Não imponha a sua fé,
saiba conviver pacificamente com quem pensa e crê diferente de você e nunca
permita que o Estado, a sociedade ou a cultura assumam o lugar de Deus na sua
vida. Só o Senhor é Deus!
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