JESUS COMEÇA A
PREPARAR SUA MORTE
Algumas pessoas
com doenças terminais costumam preparar seu funeral. Conheci um senhor nesta
situação que, além de organizar seu sepultamento, ainda deixou o culto fúnebre
preparado, inclusive com o número dos hinos que ele queria que cantassem. Jesus
não foi colhido pelo acaso na sua prisão, julgamento e morte. Várias vezes, ele
avisou seus discípulos sobre o que lhe aconteceria, mas eles não deram crédito
as suas palavras. A sua morte foi meticulosamente preparada por ele mesmo e
tudo seguiu seu plano pré-determinado. Vamos ver o início desta preparação no
texto de Lucas 22.7-13.
“Chegado o dia da Festa dos Pães Ázimos, em que se devia
sacrificar o cordeiro pascal” (v. 7). Na verdade, as duas festas eram
separadas, mas como vinham juntas no calendário judeu, o povo considerava uma
festa só. A Páscoa comemorava a grande libertação do cativeiro egípcio feita
por Moisés. Os pães ázimos (sem fermento) o tempo de sofrimento que passaram.
Faziam parte da celebração o cordeiro assado, ervas amargas e vinho. Quando
Israel era cativo no Egito e Deus anunciou a última praga que era a morte de
todos os primogênitos, deu uma ordem a Israel: “Depois
pegarão um pouco do sangue (do cordeiro) e colocarão nos batentes e na viga da
porta, nas casas em que tomarem a refeição. E, naquela noite, comerão a carne
assada no fogo, com pães sem fermento; sim, a comerão com ervas amargas [...] E
vós o comereis assim: com vossos cintos na cintura, vossos sapatos nos pés e
vosso cajado nas mãos; e o comereis às pressas. Esta é a Páscoa do Senhor.
Porque naquela noite passarei pela terra do Egito e ferirei de morte todos os
primogênitos na terra do Egito, tanto dos homens como dos animais. E executarei
juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor. Mas o sangue servirá de
sinal nas casas onde estiverdes. Se eu vir o sangue, passarei adiante, e não
haverá praga entre vós para vos destruir, quando eu ferir a terra do Egito. E
este dia será um memorial. Vós o celebrareis como uma festa ao Senhor e como
estatuto perpétuo através de todas as vossas gerações” (Êxodo 12.7-14). A
essência da Páscoa era libertação pelo sangue de outro.
“Jesus enviou Pedro e João, dizendo: Ide, preparai-nos a
refeição da Páscoa, para que a comamos” (v. 8). Jesus envia seus
principais apóstolos. Ele não quer nada de improviso e sim uma Páscoa preparada
com capricho. Esta Páscoa tem uma importância tremenda para Jesus e é seu
desejo pessoal celebrá-la com seus apóstolos e amigos. “Eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos?” (v. 9). Para
os apóstolos é mais uma Páscoa que vão celebrar juntos e por causa disto
perguntam a Jesus pelo local. Eles mal sabem acerca do incrível e inacreditável
que iria acontecer nos próximos três dias.
“Ele respondeu: Quando entrardes na cidade, um homem sairá ao
vosso encontro, carregando um cântaro de água; segui-o até a casa onde ele
entrar” (v. 10). Jesus já tinha combinado com alguém onde ele celebraria
a Páscoa. Esta pessoa era um homem de posses, pois tinha uma ampla sala de
jantar no andar de cima de sua casa e tinha servos a seu serviço. Um destes
servos iria encontrá-los na entrada da cidade, que era um grande portão. O
servo os aguardava e eles saberiam quem era com facilidade, pois o homem
estaria carregando um cântaro d’água. Naquela época, homens carregavam odres de
água e mulheres, cântaros. Este homem carregava um cântaro, utensílio feminino.
Era fácil identificá-lo na multidão. “E direis ao dono
da casa: O mestre manda perguntar-te: Onde fica o aposento em que comerei a
Páscoa com meus discípulos? Então ele lhes mostrará uma grande sala mobiliada.
Fazei ali os preparativos” (v. 11,12). Certamente, o dono da casa era um
seguidor de Jesus muito discreto. Os discípulos Pedro e João não o conheciam. Este
homem estimava tanto Jesus que lhe ofereceu de graça um amplo salão todo
mobiliado e pronto para a festa. Jesus tinha muitos mais discípulos que os
apóstolos que andavam com ele todos os dias, e estes não conheciam. Hoje ainda
é assim. Nós, que nos consideramos discípulos, dizemos que quem não for do
nosso grupo de fé, não é um seguidor de Jesus. Quão admirados ficaríamos se
soubéssemos que Jesus tem discípulos em grupos ou lugares onde não fazemos a
mínima ideia. Em alguns desses grupos, diríamos que, com certeza, ninguém ali é
discípulo de Jesus, tal o nosso preconceito. Não sabemos de nada! É só Jesus que
conhece suas ovelhas e onde elas estão. Para Jesus, aquele grande salão estava
perfeito para ele celebrar a Páscoa com os doze. Agora, era a hora do trabalho dos
dois em preparar a refeição. “Eles foram e acharam tudo
conforme Jesus lhes dissera; e prepararam a refeição da Páscoa” (v. 13).
Prepararam o cordeiro assado, o pão, ervas amargas e o vinho.
Jesus está
movimentando pessoas para aquela ceia e sua morte. Ele planejou o local com um
discípulo rico e anônimo; num gesto incomum, ele acerta que um servo estaria
esperando seus discípulos com um cântaro feminino cheio d’água; ele manda Pedro
e João para preparar a refeição. Como é de seu costume, ele usa as pessoas de
uma forma natural e também de forma incomum em determinadas situações. Mas, ao
fazer isto, Jesus relaciona-se com as pessoas, valorizando-as. Em todo este
movimento de preparação, ele é a pessoa mais importante. Ele é o cérebro por
trás de tudo. O plano dele é que é realizado na realidade. Jesus controla sua
morte; ele não é arrastado para ela como se fosse um pedaço de pau num rio
tormentoso. Na sua vida, leitor, é assim também: tudo parece estar fora de
lugar e você totalmente perdido. Mas há um cérebro inteligente, firme e amoroso
controlando você e os acontecimentos de sua vida.
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