O FALSO DISCÍPULO
DE JESUS
O Senhor Jesus
disse que nem todos os que o seguiam e usavam seu nome seriam verdadeiramente
seus discípulos. Em Mateus 13.24-30, Jesus fala a parábola do trigo e do joio,
plantas parecidas, mas totalmente diferentes em termos de alimentos. Ele disse
que joio e trigo estariam juntos e misturados durante toda a história; ou seja,
verdadeiros e falsos seguidores estarão juntos sem que seja possível
distingui-los na aparência. Em Mateus 7.22-23, ele fala de pessoas que, usando
seu nome, profetizaram, curaram e fizeram até milagres. Mas diz que, apesar dos
resultados, nunca conheceu esta gente porque eles praticavam a perversidade no
coração. Até mesmo no seu primeiro grupo de seguidores, Jesus tinha um falso
discípulo, um traidor. Esta história de traição começa a ser desenvolvida em Lucas 22.21-23.
Segundo o
evangelho de Lucas, Judas Iscariotes participou da Ceia do Senhor. Porque é
logo depois da Ceia que Jesus faz a seguinte declaração: “Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa”
(v. 21). Em Lucas 22.19-20, Jesus estabelece uma nova aliança através de seu
sangue, simbolizada numa Ceia. Mas, mesmo ali, há alguém que está fora desta
aliança. Ou seja, a morte de Jesus não salvará todas as pessoas
indistintamente. Jesus chama a atenção para a maldade que se recusa a
participar desta aliança, mesmo que coma o pão e beba do cálice. Ele usa as palavras
“mas eis” para chamar a atenção disto. Esta é a maldade que habita a pessoa que
sempre esteve com ele e recebeu seus benefícios, mas que agora o trai por causa
de dinheiro. Jesus tinha inimigos externos (fariseus, saduceus, sacerdotes,
poderosos políticos e religiosos e até gente do povo que não gostava dele), mas
Judas era de dentro, do grupo, alguém que Jesus acolheu e lhe deu sua
autoridade. Judas cumpre o que está escrito no Salmo 41.9: “Até o meu
próprio amigo íntimo em quem eu tanto confiava e que comia do meu pão, levantou
contra mim o seu calcanhar”. Aparentemente, este tipo de pessoa está do
lado de Jesus e o honra, mas seu coração está bem longe dele e passa a enxergar
o Senhor Jesus como uma máquina de arrecadar dinheiro.
Preste atenção: a
pior oposição a Jesus Cristo não vem dos ateus, gays e adeptos de outras
religiões, mas sim de autoproclamados cristãos que odeiam as pessoas que são
diferentes deles, praticam o mal contra estes grupos e outras minorias a
pretexto de estar obedecendo à Bíblia e estão interessados em usar o amuleto
“Jesus” tão somente para prosperidade material e poder sobre pessoas. Elas
disfarçam bem e enganam os verdadeiros discípulos porque participam da Ceia,
pregam nos púlpitos, cantam nos louvores e dizem que prosperaram a ponto de
ficarem ricos ou possuírem muitos bens. A prosperidade deles começou quando
conseguiram arrecadar 30 moedas de prata!
Após falar que
havia um traidor no grupo, Jesus fala acerca desta pessoa e de si próprio: “Porque, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está
determinado; mas ai daquele homem por quem é traído” (v. 22). Acerca de
si próprio, Jesus aceita sua predestinação para a cruz. Desde que era criança,
ele sabia que a cruz estava determinada para ele. Mas este conhecimento não fez
dele uma pessoa amarga ou ansiosa, pelo contrário, ele livremente vai seguir o script determinado pelo seu Pai. Quando
se faz a vontade de Deus, mesmo carregando uma cruz, a vida se torna alegre e
cheia de significado. Agora, em relação à pessoa que o trai, Jesus levanta um
grito de dor por ela. É interessante, em todo o texto da traição, que Jesus não
demonstra um pingo de ódio por Judas. Pelo contrário, tem compaixão dele e
levanta um “ai” de dor pelo que lhe sobrevirá. Quando eu era criança, no sábado
da Páscoa, acontecia a malhação do Judas. Um boneco de pano era enforcado num
poste e a criançada pegava em pedaços de pau e batia no boneco até ele se
desmanchar. Era a expressão do ódio contra o traidor. Em Jesus, os sentimentos
eram totalmente diferentes. Desde o início, Jesus sabia o que Judas faria. Mas
o aceitou como apóstolo, tratou-o como aos demais, deu a ele poder e autoridade
para curar doentes e expulsar os demônios (Lucas 9.1), amou-o e teve compaixão
dele. Sabia que o caminho de Judas estava levando-o para a perdição e o avisou.
Judas é um vilão traidor, mas ainda amado pelo Senhor. Eu queria tanto ser
parecido com Jesus nisto. Prezado leitor, um aviso e uma lição. O aviso: as
pessoas que usam o nome de Jesus (cristãos, evangélicos, católicos, pastores,
padres, etc), mas são traidores dele, terão o mesmo destino de Judas. A lição:
em toda esta situação que envolve a predestinação de Deus e a liberdade humana,
Jesus está no controle. É ele quem vai sofrer, mas é ele quem controla tudo.
“Então eles começaram a perguntar entre si, qual deles seria o
que ia fazer isto” (v. 23). Após as palavras de Jesus, os doze apóstolos
começaram a discutir quem deles seria o traidor. Eles não tinham a menor ideia
de quem seria esta pessoa e da dimensão desta traição. Com certeza, eles
imaginaram que a traição seria de pouca monta, porque logo depois eles começam
a discutir quem deles era o maior. Discutiram entre eles sobre o traidor e não
chegaram a conclusão alguma. Nós, seres humanos, não temos condições de
conhecer o interior das pessoas e também as mudanças que ali ocorrem. Alguém que
hoje parece ser um discípulo fiel, amanhã trai a Jesus. Alguém que hoje parece
que não é discípulo de jeito nenhum, este age de forma obediente ao que Jesus
manda. Por isto a palavra bíblica é que não julguemos ninguém. Mas, toda vez
que você perceber, em algum irmão seu, alguma ação ou intenção má, converse com
ele com brandura e mostre onde você enxerga o mal. Não o obrigue a tomar
decisão alguma, apenas aconselhe.
O que este texto
nos ensina? Primeiro, olhe para você mesmo a fim de que, com o passar do tempo,
você se desencante com Jesus e comece a abandoná-lo lentamente, até que não reste
amor algum. Ao se examinar, veja se sua fé não está colocada em líderes
religiosos ou igrejas. Sua fé deve estar na rocha eterna que nunca muda: Jesus!
Segundo, não julgue os outros, mas acolha e oriente todos. Não é sua
competência discernir traidores. Siga o exemplo de Jesus que, mesmo sabendo o
que Judas faria, o acolheu o tempo todo. A admoestação amorosa e sincera
daqueles que erram faz parte do exercício da fé, “corrigindo com mansidão os que
resistem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento ...” (2ª
Timóteo 2.25).
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