A VIOLÊNCIA DA POLÍCIA DOS SACERDOTES CONTRA JESUS
Os evangélicos no
Brasil não gostam de mensagens de cunho social. Preferem as mensagens de cunho
intimista, especialmente aquelas de autoajuda. Além da preferência, há outro
motivo importante: os evangélicos foram ensinados a olhar a sociedade como o
domínio do mal, no qual eles não devem se meter ou ajudar. Já que “o mundo jaz
no maligno”, melhor ficar longe dele. Com esta atitude, eles se alienam dos
graves problemas sociais. Tanto a Bíblia como a Reforma Protestante que gerou o
atual movimento evangélico são contrários a esta atitude de alienação. O texto
de Lucas 22.63-65 nos fala da
violência policial (qualquer polícia) contra a pessoa de Jesus (qualquer pessoa).
Jesus foi preso no
jardim do Gethsêmane pela polícia dos sacerdotes, a mando destes. Ele é
amarrado e levado para a casa do sumo sacerdote Caifás. Antes de ser
apresentado ao Sinédrio (grupo governante político-religioso de Israel), ele
fica sob os cuidados da polícia deles. Neste momento, começa a se manifestar
toda a bestialidade e violência da polícia contra Jesus. “Os homens que detinham Jesus zombavam dele e feriam-no”
(v. 63). Os policiais começam a sessão de tortura zombando dele. Zombar
significa humilhar, rebaixar o outro como ser humano, considerá-lo pior que um
animal. Jesus, que tantas vezes foi elogiado, agora era alguém que não valia
nada. Toda vez que alguém resolve ser violento contra uma pessoa, a primeira
atitude no seu coração é considerar o outro como sub-humano. Já que o outro é
um sub-humano, posso fazer com ele o que eu quiser. Nisto consiste a zombaria:
o outro não é humano como nós, então está justificado bater nele. Este foi o
primeiro tipo de violência contra Jesus aplicado pelos policiais: o
rebaixamento de sua humanidade. Logo se seguiram os outros.
O segundo tipo foi
a violência física. O texto diz que bateram muito nele, que o feriram. Ferir é
atacar alguém a ponto de sair sangue, ou seja, bateram muito em Jesus com
socos, pontapés e até pedaços de pau. Em toda sua vida, Jesus nunca apanhou de
ninguém. Escapou algumas vezes de ser apedrejado, uma vez foi arrastado para um
monte, mas ninguém nunca bateu nele. Agora apanha para valer. Você pode
imaginar a cena? Jesus em pé e amarrado recebendo socos em seu rosto e corpo, o
sangue escorrendo pelo nariz e pela boca, a dor que ele sentiu. De repente,
Jesus cai ao chão pela força dos golpes, mas eles continuam batendo, dando
socos e pontapés.
Mas eles o colocam
de pé e passam para outro tipo de violência: “E, vendando-lhe
os olhos, perguntavam, dizendo: ‘Profetiza, quem foi que te bateu?’ E,
blasfemando, diziam muitas outras coisas contra ele” (v. 64-65). A
sessão de tortura continua. Eles cobrem os olhos de Jesus com um pedaço de pano
ou com um capuz e um deles dá um forte soco ou tapa no rosto dele. Quando
alguém vê que outra pessoa vai lhe golpear, prepara-se para receber o golpe.
Mas se está de olhos vendados, não tem como se preparar e aí a dor é muito mais
forte. Após um deles dar o golpe, de forma cínica, eles perguntam para Jesus:
“Já que você é um profeta, adivinhe quem de nós lhe bateu”. Faziam isto porque
Jesus tinha a fama de ser um profeta de Deus. Veja a diferença de tratamento
quando, em conversa com ele, a mulher samaritana diz em determinado momento: “Senhor, vejo que és profeta” (João 4.19). Naquela
ocasião, uma mulher do povo acusada de ser imoral, trata Jesus com o máximo
respeito e o reconhece como um enviado de Deus. Aqui, aqueles homens da polícia
usam este título para humilhar, ferir e desmerecer Jesus.
Começou um outro
tipo de tortura: a psicológica. Os que batiam agora começavam a blasfemar dele,
ou seja, dizer mentiras para rebaixá-lo em seu autoconceito. A violência
psicológica fere tanto como a física e produz efeitos nocivos mais duradouro na
vida de uma pessoa. Mulheres que sofrem este tipo de violência por parte de
seus maridos ou companheiros desenvolvem uma autoestima muito baixa. O
casamento vira um inferno e, em muitos casos, o divórcio torna-se uma
libertação para a mulher.
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