O SER DE DEUS: SEUS
ATRIBUTOS
Professor Whitson Ribeiro da Rocha
DEUS
E SEUS ATRIBUTOS
Deus é
espírito (Jo 4.24). Ele se chama Yahweh (transliterado: Javé) “eu sou o que
sou” ou “eu serei o que serei” (Ex 3.14; ver também Rm 1.20; Cl 1.15; Jo 1.18).
Estas definições dadas pela própria Bíblia nos fazem ver um Deus que é
totalmente diferente do que vemos e totalmente diferente do tempo, era em que
estamos. Ele é superior às nossas matrizes de conhecimento e vida denominadas
tempo/espaço.
O Deus
bíblico conjuga, em seu ser, duas características que nos são logicamente
contrárias:
-
ele é infinito (não tem limites);
-
ele é pessoal (possui inteligência, emoção e volição).
Só podemos
conhecer o Deus bíblico através de seus atributos.
Os atributos
de Deus:
-
não são “acidentais”;
-
pertencem à sua natureza à qual são idênticos;
-
são inseparáveis entre si.
São
compreendidos analogicamente:
-
se fossem unívocos aos nossos, levaria ao panteísmo;
-
se fossem equívocos aos nossos, levaria ao
agnosticismo;
-
são analógicos (semelhantes) aos nossos e aos da
criação.
Um atributo
divino é uma propriedade essencial de Deus. Uma propriedade é essencial para algum
ser se, e somente se, a perda desta propriedade significa que este ser cessa de
existir. Um atributo divino é uma propriedade que Deus não pode perder e
continuar a ser Deus.
Propriedades
relacionais não são propriedades essenciais. Exemplo: criador, juiz,
preservador, Senhor de Israel, etc.
Os atributos
não são meros nomes para uso humano sem referência ao Espírito divino. Nem estão
separados e em conflitos entre si.
Os atributos
são predicados de Deus: Deus é amor, justiça, sabedoria, etc.
OS
ATRIBUTOS MAIS LIGADOS À INFINITUDE DE DEUS
Auto-existência
Deus existe sem causa: Jo 5.26; Ex 3.14 (Javé); Jr 10.10; Hb 11.6; At 17.24,25.
Todas as outras coisas existem por causa de Deus.
Onipotência
Um Deus onipotente pode fazer tudo? Não! Hb 6.18; Tg
1.13; Gn 18.14.
Deus pode fazer qualquer coisa que não seja
inconsistente com seus atributos: Is 45.7; Lc 1.37.
Deus não pode:
-
ser supra-lógico: ex.: criar um círculo quadrado, determinar que 2+2=5,
criar uma pedra tão pesada que ele não consiga levantar. Por quê? Isto feriria
alguns de seus atributos tais como a imutabilidade, a fidelidade e a vontade.
Além disto, se Deus for supra-lógico tudo passa a ser incerto;
-
mudar o passado: se mudasse o passado cairíamos no mesmo problema
anterior em relação a seus atributos. Imagine se Deus mudasse o passado
deixando de realizar o sacrifício de Cristo na cruz? Sendo assim não é correto
orar para que Deus mude o passado;
-
fazer algo que seja imperfeito: pecar, mentir, etc.
O fato de que Deus não pode fazer estas coisas não é
por alguma imposição externa a si tal como o destino, o tempo, a lógica, o fatalismo,
as orações, etc., mas devido a seus próprios atributos.
Deus pode fazer tudo quanto determinar, a seu modo,
conforme seus atributos.
Onisciência
Deus conhece todas as coisas e tudo que ele conhece
é verdadeiro: Sl 139.1-6; Hb 4.13; Is 46.9-11; 44.7,8; Mt 10.29,30; At 15.8.
Deus conhece o necessário (o que era, o que é e o
que será) e o contingente (as possibilidades do que poderia ser e não foi, é ou
será) (ex.: I Sm 23.11-13; Mt 11.21-23).
Os objetos do conhecimento de Deus: ele mesmo (I Co
2.10,11) e sua criação (I Jo 3.20).
Textos que falam de seu esquecimento têm a ver com a
não imputação da culpa: o perdão: Mq 7.18; Is 43.25.
Onipresença
Deus está igualmente presente em todas as partes do
universo: Sl 139.7-10; Jr 23.24; At 17.28.
Onipresença não significa:
-
panteísmo: Deus é o todo;
-
universo é parte de Deus;
-
Deus se multiplique ou divida-se para estar em todo lugar.
A presença de Deus não é física e sim espiritual: Sl
139.11,12; I Rs 8.27.
Eternidade
Conceito mais simples: sem início e sem fim e sem
sucessão de momentos em si mesmo: Sl 90.2; Dt 32.40; Ap 1.8; Ex 3.14.
Deus está fora do tempo: o tempo é um eterno
presente para ele II Pe 3.8; Sl 90.4; I Tm 6.16; 1.17.
Deus criou o tempo, percebe os acontecimentos no
tempo e age no tempo: Sl 48.14; Gl 4.4,5.
Imutabilidade
Deus é perfeito, qualquer mudança implicaria em
imperfeição.
Por outro lado, faz alguma diferença em Deus a
existência de suas criaturas.
Deus é imutável em alguns sentidos:
-
natureza e caráter (atributos), desejo e propósito (ação dos seus
atributos): Tg 1.17; Sl 102.25-27; Nm 23.19; Ml 3.6; I Sm 15.29; Sl 33.11; Mt
5.18; 24.35; Rm 11.29; Is 46.9-11;
-
personalidade (porém com relações mutáveis).
As relações pessoais de Deus com suas criaturas são
mutáveis: Deus não é nem imóvel e nem impassível (não sujeito a emoções), mas
sente e age de forma diferente conforme a reação de suas criaturas: I Sm 2.30;
Jn 3.10; Rm 8.32; Ef 4.30. As relações são mutáveis porque Deus é pessoal.
O arrependimento (por ex.: Gn 6.6) é um
antropomorfismo, mas que reflete as relações pessoais.
OS ATRIBUTOS MAIS LIGADOS À PESSOALIDADE DE
DEUS
Deus é um Espírito Pessoal
Como Espírito pessoal ele:
-
é Espírito: Jo 4.24;
-
ele não está dentro das categorias tempo/espaço da
criação e, por isto, não é e nem pode ser representado por nada da criação: Ex
20.4-6;
-
“dizer que o Ser Divino é Espírito é dizer que ele
existe como um Ser que não é feito de
matéria, que não tem partes nem dimensões, incapaz de ser percebido pelos
nossos sentidos corpóreos e mais excelente do que qualquer outro tipo de
existência” (Grudem, W. Teologia Sistemática.
p. 134);
Como Espírito Pessoal ele tem:
-
inteligência: Rm 11.33,34; I Co 2.16;
-
emoções: Jo 3.16; Na 1.2,8; I Co 10.22;
-
volição: Ef 1.9; Rm 12.2; Sl 40.8; Mc 3.35.
Este é o modo mais elevado de existência que há. Nada se
lhe compara: Is 40.25,26.
Santidade
Absoluta distinção de todas as suas criaturas: Ex 15.11;
Is 57.15;
Distinção e transcendência no aspecto moral: Hc 1.13;
Pureza e integridade de caráter moral: Is 6.3; Sl 99.9;
Hb 12.29;
Deus está fora de qualquer desejo, palavra e ação
maligna: Sl 5.4; Tg 1.13.
Justiça
Capacidade de distinção entre seu modo de ser moral (o
bem) e seu oposto (o mal): Is 30.18; Dt 32.4.
Deus mantém o governo moral do universo outorgando a
todos o que merecem: Sl 99.4; Sl 33.22; Gn 18.25; Is 45.19.
Seu julgamento não é arbitrário nem caprichoso, mas com
princípios e sem acepção: Sl 33.5; Hb 12.23; Rm 2.11.
A ira de Deus
É a sua justiça em ação para punir culpados: Rm 2.5-11;
Na 1.2,3.
Sua ira não é igual à nossa: não é caprichosa e age sem
acepção de pessoas.
Bondade
Característica da perfeição moral de Deus que o torna
admirável, atraente e digno de louvor: Sl 100.5; 106.1; 34.8; Lc 18.19.
Deus é a fonte de todo bem do mundo: Tg 1.17; Sl 84.11.
Amor
O atributo mais extraordinário do Deus cristão.
Desejo de Deus de doar-se a outros seres, de dar todo bem
a eles e possui-los para sua própria comunhão pessoal: I Jo 4.8,16; Jo 3.16; Sf
3.17.
Disposição firme da vontade que procura o bem do outro:
Ef 1.4,5.
Graça
Característica de dar aquilo que os homens não merecem. É
o amor manifestado a pessoas que não merecem: Sl 119.132; Ef 2.7-9; 1.6,7; Tt
2.11.
Misericórdia
Característica de reter ou modificar o julgamento
merecido: Ex 34.6; Dt 4.31; Ne 9.17; Sl 103.8; Lc 6.35,36.
Fidelidade
A perfeição de seu ser no qual não muda a si próprio em
relação a suas qualidades morais e cumpre tudo que promete: Nm 23.19; Hb 10.23;
I Jo 1.9; II Tm 2.13.
Além de ser o único Deus verdadeiro, tudo que ele diz é
verdade: Tt 1.2; Hb 6.18; Jo 17.17.
Sabedoria
Capacidade de Deus de selecionar os melhores fins e os
melhores meios: Jó 12.13; Dn 2.20-22; Rm 11.33; 16.27; Sl 104.24; Rm 8.28-30.
Liberdade
Deus faz o que quer, condicionando-se apenas a si
próprio: Sl 115.3; Dn 4.35; Pv 21.1.
Deus tudo faz conforme sua vontade: aprovação e execução
do que ele acha necessário: Ef 1.11; Ap 4.11.
Glória
Capacidade que Deus tem de ser honrado e digno de
admiração e louvor: Sl 24.10; 104.1,2; Jo 17.5.
Nenhum comentário:
Postar um comentário