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Lucas 21.25-27 - A SEGUNDA VINDA DO FILHO DO HOMEM


O SERMÃO ESCATOLÓGICO DE JESUS (5ª Parte)
A SEGUNDA VINDA DO FILHO DO HOMEM

No texto anterior de Lucas 21.20-24, Jesus falou dos antecedentes da queda histórica de Jerusalém no ano 70 d.C. Agora, em Lucas 21.25-27, ele vai falar sobre como estará a humanidade quando da sua segunda vinda a este mundo. Na Teologia, a segunda vinda é um assunto discutido: será um acontecimento literal ou tem caráter simbólico? Quando se entende por literal, então a segunda vinda é um acontecimento histórico, medido pelos parâmetros tempo e espaço. Quando se entende como simbólico, então ele nunca voltará literalmente e suas palavras neste sentido são apenas palavras de incentivo para a vida, entendendo a morte de cada um como sendo a segunda vinda para este. Historicamente, a Igreja cristã entendeu a segunda vinda como literal e histórica. Este é meu entendimento também: tem dia e hora definidos para acontecer. Na Bíblia, este é o maior e mais determinante evento escatológico, ou seja, relativo ao futuro.
Lucas 21 é o sermão escatológico de Jesus. Ele já havia dito que está tratando de dois grandes eventos: a destruição do templo de Jerusalém e o fim dos tempos, quando ele voltará em glória. Disse que, durante a história, seus discípulos não deviam ser dominados por homens, mas colocar todos à prova. Disse também que, durante todo o período da história, as catástrofes causadas pela natureza e/ou pelo homem, sempre matariam muitas pessoas, mas estes eventos não caracterizam o fim. Jesus afirmou que, durante toda a história, seus discípulos seriam perseguidos. Afirmou, em relação ao templo de Jerusalém, que ele seria destruído e deu o sinal para que as pessoas escapassem com vida: o cerco dos exércitos romanos.
Agora Jesus começa a falar de sua segunda vinda: “E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre a terra haverá angústia para as nações, perplexas com o bramido do mar e das ondas. Os homens desmaiarão de terror pela expectativa das coisas que acontecerão com o mundo; porque os poderes dos céus serão abalados” (v. 25,26). Quando Jesus fala de sua vinda, menciona sinais nos astros celestes: sol, lua e estrelas. Para mim, ele fala nestes sinais não em sentido literal, mas para mostrar o clima de total desorientação pela qual a humanidade passará naquela época. Era o sol, a lua e principalmente as estrelas que guiavam as grandes navegações e expedições do mundo antigo. As pessoas se orientavam pelas estrelas para se posicionar. No final do v. 26, ele diz que os poderes dos céus serão abalados. Se isto fosse literal, qualquer mínimo abalo nos poderes do céu, faria o planeta Terra se destroçar de vez e a humanidade inteira morreria na sua totalidade em um segundo.  Ao falar de sinais nos céus figuradamente, Jesus está dizendo que a geração na qual se dará sua vinda estará completamente sem orientação na vida, tendo perdido seus marcos de referência. Estarão num alto grau de perdas de certezas interiores de vida.
Observe que, logo em seguida a esta afirmação dos sinais celestiais, Jesus fala da situação dos homens na terra que é caracterizada por três sentimentos existenciais próprios da última geração. O primeiro sentimento é a angústia. A geração da volta histórica de Jesus será extremamente angustiada, oprimida interiormente, sem referenciais. Parece, por outros textos como os do Apocalipse 17 e 18, que a vida econômica estará na melhor fase da história. Será uma geração rica no sentido material e cultural, mas extremamente pobre no sentido de valores para viver. Apegar-se-ão a qualquer sujeito que apareça como “messias”, “salvador da humanidade”, o qual será o Anticristo. Uma geração marcada pela angústia é geração que nunca tem prazer em viver. Mesmo tendo de tudo, entrará numa degradação moral e espiritual profunda.
O segundo sentimento é a perplexidade (no texto grego, a palavra “aporia”, que significa “sem saída”). Observe no texto que esta geração fica perplexa, sem voz, sem ação, sem visão, em relação a algo tão simples como o bramido do mar e das ondas. Ou seja, é o auge de uma visão que desconstruiu tanto a realidade que o simples bramido do mar e suas ondas passa a ser motivo para alguém paralisar sua vida, ficar num beco sem saída, pois não sabe mais como encaixar isto naquilo que se chama cosmovisão, ou visão de mundo. A desorientação, mesmo com coisas simples da vida e do dia a dia, será total. Dou um exemplo do que será este tipo de consciência coletiva: na semana passada, o Superior Tribunal Federal decidiu que uma pessoa condenada só pode ser presa com o trânsito em julgado, ou seja, quando acabar todos os recursos possíveis. Não julgo tal decisão, mas para a pessoa comum, é impensável que alguém julgado e condenado em segunda instância não seja preso pelo crime que cometeu. O que é tão simples, se tornará complexo e perplexo. Multiplique esta “aporia” que acabei de falar por todos os aspectos da vida e você terá uma visão do que Jesus quis dizer com perplexidade.
O terceiro sentimento é terror. O terror é o medo em seu mais alto grau. No terror, o medo é tão grande que a pessoa não pensa mais de forma racional. Suas emoções negativas tomam conta de sua mente e ela vê coisas que não existem. Jesus diz que os homens desmaiarão de terror, não por coisas ruins concretas, mas por expectativas do que pode vir a acontecer. As pessoas terão medo de algo que pode ou não acontecer. (A palavra grega para desmaiar é “apopsiko” que literalmente é “alma para fora”, neste sentido, desmaiar; mas pode ter outro sentido que é morrer e aí poderia ser usada para suicidar-se). Será um tempo de muito medo com a vida. Viver será doloroso, doído. Muitos optarão pelo suicídio como meio de fugir desta dor constante. A cabeça dos homens será cheia de medo, terror.
Esta palavra de Jesus reflete o texto do profeta Isaías 13.9-11: “E já vem o dia do Senhor, dia horrível, com furor e ira ardente, para destruir a terra e dela exterminar os seus pecadores. As estrelas do céu e as suas constelações não deixarão brilhar a sua luz. O sol escurecerá ao nascer, e a lua não fará resplandecer a sua luz. Punirei o mundo por sua maldade, e os ímpios, pelos seus pecados; acabarei com a arrogância dos orgulhosos e abaterei a soberba dos cruéis” Toda esta situação na época da vinda de Jesus é causada pelo pecado dos próprios homens, mas também é o castigo de Deus que já começa a agir. Deus diz a homens pecadores: “Seja feita a vontade de vocês; colham o que plantaram”.
Então Jesus, de uma maneira muito simples, narra o maior de todos os eventos futuros: “Então verão o Filho do homem vindo com poder e grande glória numa nuvem” (v. 27). Jesus de Nazaré, o Filho de Deus, o Filho do homem, volta à Terra pela segunda vez. Na primeira, veio como feto em Maria e depois tornou-se homem, morrendo na cruz e ressuscitando. Subiu aos céus, escondido pelas nuvens. Agora ele volta do alto. Ele vem do céu. O Jesus que volta é o mesmo que subiu aos céus. Quando de sua ascensão, os anjos disseram: “Homens galileus, por que estais olhando para os céus? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado ao céu, virá do mesmo modo como o vistes partir” (Atos 1.11). Jesus volta! Ele vem com seu corpo glorificado, que ele recebeu na ressurreição. Veja que os homens o “verão”. Não é um espírito, não é um anjo, é o Deus-Homem Jesus que retorna. Diferente da primeira vez, agora ele volta com poder para reinar, poder para julgar. Ele é o Rei Todo-Poderoso. Ele vem com muita glória. Todos se assombrarão com a grande glória de Jesus Cristo. Ele vem no tempo e no espaço: numa nuvem.
Ele vem para reinar e julgar. Ele vem para pôr fim à história humana neste mundo. Ele vem para ser o Senhor de tudo e de todos. Esta vinda é a grande esperança cristã. Desejamos que este dia chegue logo, para que Jesus resplandeça aos olhos de todos e seja glorificado em seus santos servos. Maranata, vem Senhor Jesus!

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